
Perdi um tio em 2005. Não foi minha primeira experiência com a morte, já que minha bisavó materna havia partido alguns meses antes. Eu não tinha tanto contato com ele, já que morávamos em cidades diferentes, mas isso me tirou o sono muito tempo. Até porque, apesar da distância, sempre o considerei uma pessoa muito querida.
Não entendo isso de estar em um lugar e amanhã não mais. Simples assim. Durante meses imaginava pessoas mortas ao meu redor. Na sala de aula, na rua, no ônibus, na lanchonete, enfim, em todos os lugares. Bizarro? Sim! Até hoje não consigo fugir desses pensamentos, sempre penso que o amanhã é injusto pra tanto esforço, pra cada detalhe que tento construir da minha vida e se esvair assim, como o ar, como a água, como o mercúrio que você aperta entre os dedos e ele escapa.
Domingo faço 23 anos. 23! Vejo cada dia mais minha vida me escapar. Ontem eu tinha 14 e hoje acordo assim, às vésperas de envelhecer mais um tantinho. Lembro que uma vez uma amiga da minha mãe, com seus mais de 60 anos disse: "O problema é que a gente só envelhece por fora, por dentro continuamos a mesma pessoa. E é por isso que acham que quando um idoso se diverte, dança e brinca é ridículo." Grande Dona Valdete! Acho que por dentro a gente nunca muda mesmo, é só essa carcaça que vai ficando mais velhinha, precisando de reparos irreparáveis.
Aniversários me deixam triste. Gosto de ficar perto das pessoas que amo, de bolo de chocolate e de ganhar presentes, mas choro todo santo ano. Meu medo é duplo. É medo de deixar a vida passar, é medo de não deixá-la passar, de construir tudo e isso desmoronar.
Um brinde, mas não com champagne. Me arrumem um elixir da juventade, por favor.
- Para presentes, bolo de chocolate, balões, elixir da juventude, elogios, xingamentos e depósitos na conta bancária: analia@corporativismofeminino.com -
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