segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Entrando para as estatísticas



Houve um tempo em que quando o papo versava sobre TPM eu comentava feliz: nossa gente, que sorte a minha! Eu não sofro disso.
Daí que eu percebi que esse fato, ou melhor, esse fato associado a esse comentário cretino irritava aquelas que, sim, encaravam uma TPM lascada todo santo mês.
Então passei a guardar o "que sorte a minha" para o gnomo verde que mora na minha consciência. Quem tem juízo não fala um negócio desses perto de uma vítima da TPM. Sério, soa como provocação. E das grossas!
E como aqui se faz aqui se paga, minha "sorte" bateu asas e vôou na direção de um horizonte muito, mas muito distante.

O inchaço era natural, esse eu já conhecia. Mas passei a sentir umas dores lombares medonhas. Meia hora em pé que fosse me fazia marchar sem sair do lugar.

Passava uns 3 dias pelo menos assim, morrendo em pé, mas ainda sem associar (ou admitir?) que eu havia entrado para as estatísticas.

Quanto à irritação, bem...isso é relativo. Eu sou daquelas bem nervosinhas, mas reparei que as queixas do meu namorado em relação às minhas explosões aumentavam antes da minha menstruação.

O veredito veio quando chorei assistindo King Kong.

Gente, o que foi aquilo? Todo mundo sabe que o Kong morre no final (de uma forma brutal, diga-se de passagem) e pior! Era a terceira vez que eu assistia o filme.

Enquanto me debulhava em lágrimas meu irmão, desesperado, me perguntava o que tinha acontecido. Brigou com o namorado? Perdeu o emprego? Tá machucada? MEL, PELO AMOR DE DEUS, CALMA!!!

Quando eu respondi "é só TPM, Leo...buáááááá´" quase que apanho.

Incompreendida mais uma vez, buáááááááááá.

E semana passada, não foi diferente.

Fui de manhã para a aula do cursinho, com aquela cara de pouquíssimos amigos. Não dei bom dia para a menina da portaria e entrei no elevador desesperada para me sentar logo, porque minhas costas estavam me matando.

Sentei próximo à janela e coloquei a mochila na cadeira do lado. Tudo pelo isolamento social.
Não, não deu certo! Uma mulher grávida sentou do meu lado e apoiou o braço na minha cadeira.

"P... que pariu! P... que pariu! Tá gigante mas é uma só. Tá, tem dois aí, mas essa cadeira é minhaaaaa"

Era só o que eu pensava.

Como se isso não bastasse, ela começou a me contar sobre o último ultrassom. Vem cá, eu perguntei?

Eu sorria amarelamente e fazia movimentos afirmativos com a cabeça. E só!

O professor entrou e ela parou. Ufa!!

Mas alegria de pobre dura pouco. Aquela mulher insana começou a conversar com a barriga com aquela voz abobada sabem? Aquele jeito meio demente que as pessoas usam ao conversar com crianças e animais de estimação (eu sei porque faço essa voz quando converso com meus gatos).
Comecei a rezar. Juro! Deus, please. Manda uma daquelas contrações animais para essa mulher calar a boca. É sério, só dessa vez!

Nem Deus ajudou naquela hora. No intervalo, fui embora.
A caminho do ponto de ônibus eu chorava, de novo. Por que tenho que andar tanto até o ponto de ônibus? Por que eu não consigo criar coragem e vergonha na cara para dirigir? Por que aquele demônio grávido foi sentar bem do meu lado? Agora eu perdi a aula e não vou passar na prova da OAB. BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁ

Mas eu não sou sempre assim não, viu gentem?

Só uma vez por mês, bem como 75% das mulheres (eu li isso em algum lugar).

E AI daquela que me disser "nossa gente, que sorte a minha! Eu não sofro disso". Apanha, prontofalei.



Meu reino por uma barra de chocolate, Buscopan e " um quartinho de Lexotan". Contato pelo mel@corporativismofeminino.com

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