segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Desventuras de um bloco carnavalesco


Esse carnaval está exigindo demais de mim. Eu não sou uma pessoa do samba, mas sou da farra e da cerveja. Logo, o Carnaval prometia ser um feriado recheado de momentos totalmente excelentes. Mas aí veio o drama e minha vida se transformou em "Sex and the City - O Filme", sendo Patsy uma Carrie desolada, abandonada no altar, com o coração esmigalhado e nenhuma perspectiva de futuro.

Mas meus amigos se esforçaram para me animar me levando para a praia e tentando me embebedar. Luv' ya, guys. Deu certo na medida do possível, mas chegou a folia, a Aurora estava tentando ser sincera em todas as esquinas e eu me forcei a sorrir. Afinal, não custa nada dar uma chance ao Carnaval.

Logo no primeiro dia eu me arrependi dessa frase.

Para começar, eu não tinha uma fantasia. De fato, eu não tinha sequer um adereço para chamar de meu. E tentei comprar um boá vermelho gigantesco e glamuroso em um camelô próximo. Estabeleci um limite, apenas R$15,00, mas tendo fé que R$10,00 seria o preço. Ledo engano, pois, depois de uma cena patética correndo atrás de um ambulante fugindo do Choque de Ordem do Edurado Paes - eu não elegi esse cara! - pelas ruas, descobri que o preço do adereço era, pasmem, R$25,00! VINTE E CINCO REAIS!

Desolada, comprei um chapéu vermelho purpurinado, enfiei um colar havaiano no pescoço e segui para um bloco perto de casa. Bebi horrores, dancei como nunca, lavei a alma, até que um amigo gringo de uma amiga me encoxou no meio da muvuca do bloco! ENCOXOU. O abraço virou uma pegada na cintura e, enquanto alguém cantava as tristezas da Aurora não ser sincera, o gringo me encoxou de jeito. Me desfiz do aprochego e puxei um papo, mas, não sei como, o nome da pessoa que partiu meu coração em um milhão de caquinhos esfarelados surgiu no assunto e ele me perguntou: "É seu namorado?". Disse sim. Aí, disse não. Aí chorei e saí pra comprar cerveja. Patética é meu nome do meio.

Lembrei de um dos meus primeiros carnavais bebendo, quando um desconhecido apertou minha bunda e saiu correndo e eu só consegui chorar! Gente, foi a mesma sensação. Me senti roubada, desarmada, ofendida, lesada de todas as formas possíveis. Não só pela encoxada, mas pela recordação do ex. Okey, ele não tinha como saber, mas eu nunca disse que era racional, então coloco a culpa no gringo.

Atenção meninos, fica a dica, encoxada não é legal! Passar a mão não é legal! Bruxinha Beiçola do meu coração, seu último post traduziu minha vida! Essa libertação do Carnaval é muito absurda! Olha, eu já pulei três vezes do palco do Circo Voador, em um show de skacore - é, existe - usando uma mini saia carinhosamente apelidada de cinto por minha melhor amiga e NADA ME ACONTECEU. Foram três moshes, três oportunidades de passar a mão em qualquer parte do meu corpinho (que na época era mais jeitosinho do que hoje em dia, mas isso é papo pra outro dia), mas a massa de marmanjos foi super agradável com a menina bêbada da primeira fila. Depois aparece gente pra dizer que "roqueiro" (odeeeio essa expressão) é tudo maluco, drogado e porra louca. Desculpe aê, mas só passei por situações desagradáveis com pitboys na minha vida.

Eu faço sempre esse discurso e aparecem várias meninas para concordar comigo. Levantam a bandeira do respeito à mulher e queimam sutiãs em praça pública. Aí eu lembro que um conhecido me disse que pegou uma menina da forma mais absurda possível, ontem mesmo. Ela estava comendo um salsichão e colocando molho de alho como se não houvesse amanhã. Então, antes que a menina desse a primeira mordida, ele virou para ela e disse: "Me dá um beijo antes do bafo?". E A MENINA DEU!! Olha, não é moralismo e anti-carnavalismo não, mas a gente deve se valorizar mais! Bate no peito para dizer que merece respeito? Então se respeite primeiro. Porque são essas meninas, que pegam o primeiro que faz a pior piada do mundo, que provocam esses assédios horrorosos. E eu, que não saio por aí vestida de enfermeira piranha pelo Carnaval, recebo encoxadas de gente esquisita.

Fico passada com essas histórias de pegações de Carnaval na base "do que vier tá valendo!". Eu conheço casos de lindos e respeitosos amores de carnaval que rendem. Minha melhor amiga conheceu seu namorado nesta época. Já haviam se cruzado, conversado bastante e bebido horrores antes da coisa ficar carnal. Até que no Carnaval ela descobriu seu pierrô apaixonado. Eles estão há um ano juntos e felizes. Aliás, têm uma interação invejável, e tudo isso brotou no Carnaval. Com respeito e muito carinho.

Eu repito, não sou uma louca moralista, mas clima de micareta NÃO DÁ. Eu não compro essa idéia. Hoje é o último dia de folia e esse texto é meio retardatário, né? Mas fica a lição para o ano que vem. Cuidem-se, vivam a vida, mas se valorizem, gente. Eu estou na merda, mas estou curtindo o melhor Carnaval da minha vida com dignidade. Estou pulando, bebendo e cantando na companhia de grandes amigos. É o melhor que posso fazer para curar as dores do coração. E, admito, estou bem. Mas se passar a mão na minha bunda ou tentar esfregar seu pênis em mim, seu feriadão vai acabar no pronto-socorro. E, eu juro, uma reconstituição de órgão genital deve ser uma operação cara e dolorosa.

Para me enviar letras de marchinha e samba-enredo ou me perguntar como consigo encarar blocos de Carnaval + cervejas no buteco até às 2 da manhã + porrada nos playboys babacas, envie um e-mail para patsy@corporativismofeminino.com

Besos, besos e boa ressaca!

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