
Ok, vou esclarecer esse título sensacionalista barato: Não foi BEM assim. Ela não escolheu, apontando o dedo para um nome masculino que ela achasse interessante. Relevem, minha formação acadêmica fez com que eu aprendesse a "vender jornal". Não condeno quem escreveu certa vez na primeira capa "Roberto Carlos morre" ou "Madonna namora Jesus". Roberto Carlos era o nome de um flanelinha que foi vítima de cão raivoso, já a Madonna passou a sair com um cara chamado Jesus, nada demais. Bom, chega de tanta explicação. Agora que 2 ou 3 pessoas se interessaram em ler o texto PELO TÍTULO eu posso começar:
Eu estava grávida de 7 meses, minha barriga era enorme comparada às mães com o mesmo período. Talvez porque o meu filho tivesse uma estatura maior que a média, talvez porque eu estivesse comendo demais.
Eu era fã da Zélia Duncan, sim, aquela que canta "Catedral" e que as pessoas só lembram assim. "Catedral" é a música que menos aprecio, na verdade. Enfim, veio o anúncio que ela estaria na minha cidade. Surpresa. Queria muito ir, mas eu estava pesada demais! Seria no teatro. Logo, me animei, seria possível assisti-la sentada numa confortável cadeira.
Comprei o ingresso na primeira fila, sim, pois fui ao local de venda assim que soube que ela viria. Fiquei emocionada com o bilhete na mão. Veria enfim aquela mulher que tanto cantava "coisas" sobre mim.
Minha gravidez foi algo que pôs abaixo minha auto-estima. Além de engordar, tive o pai do meu filho distante também. Convivi 9 meses comigo e o Lucas. Iria sozinha ao show, sozinha não. Lucas estaria comigo! Nesta época ele se mexia bastante e, como já estava numa idade avançada, o mexido me maltratava. Ele tentava encontrar espaço para se acomodar, comprimindo minha bexiga! Vivia nauseada e há um tempo já não sabia o que era dormir sem acordar resfolegante.
Chegou o dia. Fui. Zélia, muito simpática, pediu a platéia que cantasse junto com ela todas as músicas, e eu sabia exatamente todas as letras, de todos os discos (Eu sei, é brega confessar que se sabe cantar todas as letras de uma cantora de MPB). Cantei junto com ela, com a mão na barriga. Lembro até do meu visual: vestido de linha bege com chapéu de tricô da mesma cor e uma mochilinha com todos os CD`s dela (ok, há quase 10 anos atrás não era brega se vestir assim). Havia a esperança de vê-la autografando todos. "Bobagem", pensei.
Fim do show. Dirigi-me ao camarim. No teatro havia muitas escadas para subir, se alguém me visse fazendo aquele esforço me mataria! E eu fui até ela, deixaram-me passar por causa do enorme barrigão. E pensei "Ao menos essa barriga imensa serve pra algo". Em todos os meses que passei grávida NUNCA vislumbrei qualquer benesse em possuir um enorme barrigão, tendo a pele riscada com estrias homéricas.
E fui até a Zélia, ela não parava de sorrir pra mim, enquanto várias pessoas berravam que a amava ou frases do tipo “LINDO-TESÃO-BONITO-E-GOSTOSÃO” (sem gracinhas, ok?). Eu não consegui dizer uma palavra sequer. Estava emocionada, tentei bloquear a emoção, pois não estava num estado saudável.
Ela perguntou: "Qual seu nome?". Respondi timidamente e não consegui dizer nada mais que isso. Fiquei ali, estática, silente. E ela continuou "Você sabe todas minhas letras! Fiquei impressionada”.E eu apenas sorria sem acreditar que ela havia me notado cantando todas as suas músicas numa platéia imensa (ok, eu estava na primeira fila). Ela continuava me fazendo perguntas e dizendo meu nome, sem dar atenção aos outros que estavam ali. Então a Zélia me perguntou "Qual é o nome do seu bebê?" Na época eu não tinha certeza quanto ao nome, mas pensava em vários "Lucas, Thor e Pedro". Putz! Eu não iria dizer que não sabia, seria tolice. Tive que escolher NAQUELE MOMENTO o nome do meu bebê. Disse que seria "Lucas" e ela autografou meus CD`s da seguinte forma "Zíngara e Lucas, Muito Amor e Música..." Agora eu não poderia mudar mais o nome do bebê, seria "Lucas", se chamaria "Lucas".
Não acredito ainda no que houve ali. Não tenho fotos desse dia, pois não carregava máquina alguma. Só há a memória, depois de meses sem ânimo algum, eu pude abraçar a Zélia e isso foi como se refazer de qualquer dor.
Ok, nada de gracinhas do tipo "Ela estava te paquerando, Zin" (É isso que todos os meus exs e o atual acham).
Muito legal sua narrativa. Pensei até em estar no seu lugar e curtir tanta emoção.
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