terça-feira, 29 de julho de 2008

"Eu te amo" não correspondido




Quando você menos espera, acontece a desgraça: ele abre a boca e solta o maldito “eu te amo!”. Ok, se for correspondido, é um momento lindo. Mas se não for, levanta de onde você está e começa a bater com uma panela na cabeça dançando a Macarena, porque a melhor saída é que ele pense que você enlouqueceu. Você está em sérios problemas...



O que fazer para contornar um “eu te amo” não correspondido sem magoar o autor da frase? Bom, sem dúvida, o mais seguro é a boa e velha “mentira branca”, que é amplamente aceita em sociedade: Sorriso amarelo, piscadinha de cílios e um “eu também...” com voz meiga. Eles também mentem de leve para a gente: “Não Amor, você não tem celulite”, “Não Amor, você não está gorda”, “Não Amor, nem acho Scheila Carvalho bonita, ela é muito vulgar”. Ahãn. Eu também te amo, viu?



MAS... para aquelas sincericidas como esta que vos fala, que não tem estômago para essas mentiras, (ainda que para se livrar de um problema de forma tão simples) que adoram complicar a própria vida com a verdade, a coisa fica mais difícil. Não vou dizer que nunca soltei um “eu também” por pena ou para evitar DR. Lógico que já fiz! Mas tentei de tudo para não ter que fazê-lo, e é por isso que estou aqui hoje, porque tudo falhou e eu sou escrava da merda do “eu tambééééém amooooor...” até hoje. Será que vocês tem uma solução para meu problema?



Vamos lá. Vou narrar todas as minhas estratégias fracassadas:



1) Estratégia do João Sem Braço: Quando o infeliz solta a bomba, fico olhando com cara meiga e começo a falar coisas como “OHHHHHHNNN! QUE FOFOOOOO!” e abraço a pessoa, faço a maior festa. E mudo de assunto. Lembro que uma vez criei um foco de distração propositadamente e derramei de caso pensado um copo de Coca-Cola na cama. A sujeira foi tanta que o assunto morreu. Mas freqüentemente falha. Depois que eu acabo de falar com o cidadão no mesmo tom mongol que uso para falar com cães e gatos, ele olha e pergunta “E você? Você me ama?”. Fico com cara de bunda pensando “Daria minha perna direita para que o telefone tocasse agora!”.



2) Estratégia da Palhaça: Depois de escutar a frase maldita, tento descontrair o ambiente com piada. Eu costumo mesmo ser muito palhaça, então, nem fica muito artificial. Ex: “Eu te amo!” – “Ahhh, eu também ME AMO muito! Todo mundo me ama, eu sou mó legal! Hahahahaha”. O problema é que gera como efeito colateral uma cara de bunda no autor da frase. Teve um, uma vez, que me pegou pelo braço e repetiu, meio puto “Olha só, isso aqui é sério, eu te amo de verdade”. O que se faz depois disso? Não sei. Talvez seria bom andar com um Sonrisal no bolso da calça, assim, quando ele fala isso você coloca o Sonrisal na boca, se joga no chão e começa a tremer fingindo que está tendo um ataque epiléptico. Sim, porque só assim para sair bem de uma situação dessas.



3) Estratégia Formal: O animal manda a frase, você não se altera, continua agindo como se nada e apenas agradece: “Poxa, que legal você me dizer isso, Obrigada”. Já adianto que não funciona e às vezes provoca ira: “Como assim OBRIGADA? Acabei de dizer que te amo! Blá blá blá”. Se o telefone não tocar e você não simular um ataque epiléptico, pode tentar uma cólica renal. Mas se informe, ok? Não faça como uma prima minha que simulou uma cólica renal colocando a mão no meio da barriga. Cólica renal dói nas costas, um pouco acima da cintura.



4) Estratégia da Surda: Você simplesmente finge que não ouviu. Só isso. Quase nunca dá certo, comigo só deu certo uma vez. Geralmente a pessoa repete, um pouco mais alto. Aí não tem jeito, fodeu. O que fazer se ele repetir a farse? Sei lá... Pense em um bicho que você tenha medo (barata, rato, aranha...) e comece a gritar apontando para o canto do quarto: “AAAAIIIII! UM BICHOOOO! UMA BARATAAAAA! MATAAAAA!” e saia correndo. De preferência não volte nunca mais.



5) Estratégia do Deixa Disso: Consiste em menosprezar o autor da frase. Quando ele vier com a bomba, você ri e diz com ar de piada “Ama nada!” (pode complementar, rindo, em tom de brincadeira, com um “Você diz isso para todas!”). Se ele for sensível (toc! toc! toc! bate três vezes na madeira!) ele vai ficar bastante magoado, mas não vai mais falar isso por um tempo. Tem coisa mais gostosa que adiar problema? Eu adoro. Enfim, se ele insistir em ser levado a sério e for mais enfático, banque a magoada “Credo, Fulano, era só uma brincadeira, precisa falar assim comigo?” – é bom que já corta o clima de romance. Se possível brigue, para garantir que a porra da frase não vai voltar mais naquele dia.



6) Estratégia da Virada de Mesa: Essa é a que menos funciona. Quando ele soltar a frase, simplesmente se ofenda. Isso aí, fique puta, dê uma de maluca! “Ama, né? Sei. Se amasse você não ________” (complete o espaço com coisas que ele faz que te desagradam, vale tudo, desde briga pela tampa do vaso até olhar para a bunda da secretária). Quase nunca dá certo porque o sujeito geralmente se esforça para provar por A + B que te ama, em vez de desviar o assunto. Recomendo, como último recurso, cortar o assunto dizendo “Ta bom, ta bom, eu não vou mudar sua opinião, você não vai mudar a minha, melhor a gente nem discutir mais sobre isso se não a gente vai brigar”. Se souber rezar, reze.



7) Estratégia da Narcolepsia: Jogue-se no chão e comece a roncar. Não cola, vai por mim.



8) Estratégia do Amor à Prova: Depois que ele soltar a frase, olhe para ele com cara de dúvida, pense por alguns segundos e diga em tom firme “Então prove! Já sofri muitas desilusões na vida, já não acredito mais em palavras” Logo depois, peça como prova alguma coisa que sabe que ele nunca faria, como fio terra, depilação ou vestir a camisa do Vasco. Ele vai deixar o assunto morrer. Ou então, seu respeito por ele vai morrer, caso ele realmente prove.



9) Estratégia do Tempo: Essa tem prazo de validade limitado. Se vocês estiverem juntos por pouco tempo, até dá. Acho que até uns seis meses passa. Quando vier a gracinha, você desacredita o sentimento soltando algo como “Você não acha que é muito cedo para falar em amor? Hoje em dia as pessoas dizem eu te amo como quem limpa a bunda, a gente nem se conhece direito, como pode você me amar?”. Mas cuidado, use com moderação. Soube de um caso que uma pessoa usou essa tática depois de anos de namoro e não acabou bem.



10) Estratégia do Se Ame: Quando ele soltar a pérola da discórdia, rebata com um “Para me amar, você primeiro teria que SE AMAR. O primeiro amor é o amor próprio! Como você pode me amar sem se amar?”. Prove por A + B que ele faz coisas que mostram que ele não se ama, aquelas pequenas coisas auto-destrutivas que todos nós fazemos, como por exemplo, fumar, ser sedentário ou não fazer check up anual no médico. Se possível (se o infeliz tiver mais de 40 anos), jogue com o exame de próstata. Grandes chances do assunto morrer. Se não morrer... bem... se fode aí. Sei lá, simula um AVC e fica pedindo melão.



11) Estratégia da Relativização: Não responda à frase. Comece a divagar, “A La Somira”. Não diga nem que ama, nem que não ama. Solte algo como: “Massss... o que é o amor? Quem pode definir? É um conceito muito relativo... Como saber quando é amor?”. Se puder, tente permear o discurso com informações culturais demonstrativas, como por exemplo “Você sabia que numa tribo no Zimbábue o homem prova seu amor à mulher deixando que abelhas piquem seu pênis? Seria isso amor?”. No final, se você tiver habilidade, ele mesmo está duvidando que te ama. Infelizmente essa habilidade me falta e nunca convenci ninguém.



12) Estratégia Comunista: Olhe para ele de forma raivosa e inicie um discurso comunista. Mentalize o Fidel Castro e mande ver! Coisas como “Amor? Amor é uma invenção pequeno-burguesa, um conceito egoísta criado para estimular o consumo! Tem gente passando fome no mundo e você me vem falar de amor?”.



13) Estratégia Suicida: Diga que está muito feliz porque você queria mesmo casar e ter filhos. Planeje ali mesmo onde vai ser a lua de mel. Cobre uma data para o casamento, mas antes diga “Só quero casar se você REALMENTE me amar, viu? Casamento tem que ter amor de verdade! Você tem certeza de que me ama?”. Se ele concordar, no dia seguinte diga que estava completamente bêbada e não lembra de nada. Diga que foi encosto ou possessão demoníaca. Diga que cheirou fralda e estava alucinada. Diga qualquer coisa mas não case.



14) Estratégia do Corpo Fechado: Faça bico. Diga que da única vez na vida em que você amou e se entregou a alguém, saiu muito magoada, por isso você tem o coração fechado para o amor desde então. Você não se permite amar ninguém. É importante que você convença ele de que acredita nisso. Fique o resto do dia triste. Não vai colar, ele vai fazer um discurso mostrando que com ele vai ser diferente, vai pedir uma chance. Sempre é uma opção dizer que descobriu que gosta de mulher. Se bem que, homem tem tara em lésbica, melhor não. Peide na frente dele, isso mata qualquer amor.



15) Estratégia do Choro: Essa é universal, minha gente! Pode ser usado em qualquer caso! No caso em questão, pode até funcionar. Assim que ele acabar de falar a maldita frase, CHORE. Isso mesmo! Comece a chorar! Manda ver! Ele não vai saber se é choro de emoção, de tristeza, de raiva... Mas o lado bom é que homens tendem a ficar apavorados ao ver mulher chorando. Se ele ficar sem reação, já vai ser um ponto para você. É provável que ele fique observando, se perguntando o que *&¨%$#@ está acontecendo, mas que não te pergunte nada. Todo mundo sabe, não se cutuca mulher chorando. Com sorte o assunto morre. O problema dessa tática é que nem todo mundo consegue chorar quando quer (eu sempre morri de inveja de gente que consegue!). Além disso, mais tarde o assunto volta, ele vai querer saber (quando juntar coragem) porque você estava chorando. Use uma das outras 14 táticas ou então diga que vai ter que se mudar para o Suriname a trabalho.



Se conseguirem ser mais bem resolvidas que eu, soltem um EU TAMBÉM sem culpa nenhuma. E se souberem de alguma outra tática que possa nos tirar dessa saia justa, favor postar nos comentários deste blog!




Sally

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