Desventuras na Ximbica
Depois do passeio pelas lojas Ximboca, chegou a vez das lojas Ximbica.
Lojas Ximbica são aquelas pequenas, que ao contrário das Ximbocas, normalmente só vendem um estilo de roupa. Ou é feminina, ou é masculina, ou é infantil, ou é esporte, ou é social. Enfim, por serem pequenas, não oferecem cartão Ximbica, em contrapartida, elas normalmente aceitam qualquer tipo de cartão de crédito, débito, cheque pré, contra-vale de padaria, vale alimentação, passe, e têm-se notícia de algumas que aceitam até títulos vencidos da tele-sena.
A possibilidade de visitar lojas Ximbicas me deixa em um velho dilema:
Opção 1: Ir no horário de pico dos shoppings (noite, sábado e domingo) e ter que transitar em Ximbicas com mais de 5 pessoas por metro quadrado de loja.
Opção 2: Ir fora do horário de pico (durante a semana, manhã ou tarde) e ter que suportar 5 vendedoras amyghas pentelhas com um único alvo: EU.
FicaDúvida!
Opto por ir fora de horários de pico, pois não gosto de tumulto, sabendo que lá terei que enfrentar inúmeras vendedoras amyghas, vou à luta!
Após perambular olhando diversas vitrines Ximbiquêsas e reparar nas vendedoras amyghas ociosas na porta de cada loja - sedentas por vítimas, decido entrar na Ximbica que aparenta ter a menor quantidade de vendedoras por metro quadrado. Mesmo assim não há escapatória, logo sou abordada por uma vendedora que diz: - “Posso te ajudar, amygha?” Amiga o caralho. Esboço um sorriso amarelo e respondo pacientemente: - “Estou só dando uma olhadinha” – A vendedora retruca: “- Ok amygha, aqui está o meu cartão!”. Essa parte me remete a aquele quadro da antiga A Praça é Nossa : “Eu sou o Paraíba, aqui está o meu cartão”
Repito o mesmo procedimento em diversas Ximbicas, até que inevitavelmente, decido provar uma peça em alguma delas. Quando penso em acionar a vendedora amygha mais próxima para solicitar a peça, dou um passo pra trás e esbarro em uma delas, escuto: “- Desculpa, amygha!”
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Peço UMA peça pra vendedora amygha, mas ela, muito prestativa, vem com meia dúzia de peças, algumas que não tem absolutamente nada a ver comigo, mas paciência. Pego a peça que pedi, e às vezes mais alguma (devido à insistência da amygha), sigo para o ritual do provador.
Aquela cabine minúscula que antes de entrar, praticamente tenho que decidir se quero ficar de frente ou de costas. Mal passei o trinco na cabine, e a vendedora retorna: “- E ai amygha, gostou?”. Respiro fundo, conto até 10 e respondo: “- Ainda não vesti...” – Distraída pela amygha que incomodou lá fora, bato o cotovelo na porra da parede da cabine, amaldiçôo o ser que projetou essas cabines pra mulheres com menos de um metro e meio e prossigo com o ritual do provador.
Coloco a calça com muito esforço, vejo que ela mal passa pelo meu quadril, percebo que ficou curta, amassou minha bunda. A Calça apertou tanto a minha cintura, que mesmo sendo magra, pude perceber o principio do fenômeno de panetone se formando na minha barriga.
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Novamente a vendedora bate na porta: "- E ai amygha, deixa eu ver como ficou...?”. Respondo: - “Não, não ficou boa..”. Ela retruca: “- Mas deixa eu ver, amygha..”
Vencida pelo cansaço, decido por abrir porta do provador, feliz por saber que o Brad Pitt mora em outro país e não há o menor risco dele estar naquela Ximbica e me ver com aquela calça me apertando como uma embalagem de salsicha. http://Corporativismo-Feminino.blogspot.com
Abro a porta com expressão glútea estampada no rosto (vulga cara de bunda), a vendedora olha, sorri falsamente e diz: “- Mas ficou LINDA em você amygha..”. Respondo: “- Não, ficou curta, tá vendo..?”. Ela diz: “- Mas ta na moda calça assim amygha, em você ficou legal, você tem um corpo bom..”. Respondo: “- NÃO, não gostei, não vou levar sua falsa capitalista!”
Quando fecho a porta pra recolocar minha roupa, a amygha bate na porta novamente: “- Então prova mais esses modelos aqui, amygha..” E joga meia dúzia de peças por cima da porta, 2 ou 3 caem na minha cabeça, perco o equilíbrio, pois naquele momento já estava calçando meu scarpin, bato o cotovelo na porta novamente e só então me recomponho.
Olho para as peças com ar desdenhoso, pego todas, coloco num cantinho. Sento no banquinho disponível na cabine (quando ele existe). Tiro o celular da bolsa, abro o browser, acesso meu gmail, mando sms para meus amigos, jogo tetris por uns minutos, e quando percebo que já passara tempo suficiente para ter provado todas as calças, coloco todas na mão, saio ao encontro da vendedora amygha. Quase tropeço nela ao sair do provador, expresso um sorriso falso nos lábios e digo: “- Vou dar mais uma olhadinha pelo Shopping amygha, qualquer coisa eu volto aqui e procuro por você tá?” – Faço isso mostrando o cartão que ela me dera previamente, para que ela se sinta amada.
Parto para outra Ximbica, e a batalha recomeça.
- Bel -
Bel@corporativismofeminino.com
OBS: Atenção vendedoras leitoras, não levem a mal!
Muito bom seu texto amygha...
ResponderExcluirpior que essas atendentes são um saco mesmo.
Adorei seus textos "Porque odeio ir ao Shopping" Parte I e Parte II. Ri muito com os dois, porque é exatamente assim que me sinto. Fiquei aliviada em saber que não sou a única mulher que odeia shopping, pensei que fosse louca, porque todas as mulheres que conheço, vão ao shopping para ..aliviar o stress!?...
ResponderExcluirEspero ansiosa pelo "Porque odeio ir ao Shopping" Parte III..rsrsrs..
Abraços!