terça-feira, 31 de agosto de 2010

Porque Eu Odeio Moda


Eu odeio moda! Fato. Ponto final.
Mas permitam-me explicar o porque.

É óbvio que precisamos de profissionais que criem as roupas, maquiagem e acessórios que usamos. Gente que entenda de tecido e até mesmo de matemárica, química, física e biologia. Ninguém sai na rua pelado e hoje em dia praticamente nada se cria sem pesquisa.

Mas o que eu odeio na moda é o seu aspecto mais singular: a imposição!
Vão me dizer que não... Que a moda mesmo é ser você mesmo, usar o que te deixa confortável, ser ousado e autêntico, blá blá blá... conversa pra boi dormir!
Há sempre, em qualquer lugar, alguém dizendo: a tendência desta estação é...
Tendência ou imposição?
Porque quando vamos às compras não encontramos nada alternativo à "tendência" atual.

A moda não me incomoda quando o que 'está em alta' é aquilo que me agrada. Se a moda faz um estilo do meu gosto e que me deixa confortável, não tenho o menor problema em 'estar na moda'. Não sou o tipo que faz questão de ir na contra mão só pra dizer que é contra o sistema... Não. Se as roupas, acessórios e etc que estão em 'voga' me agradam, uso numa boa...
Porém, depois que a moda 'cair', eu não vou jogar aquela peça fora porque "ai, agora é brega usar isso". Fala sério!!! Dinheiro não nasce em árvore... E não é só a questão da grana, mas também devemos botar a mão na consciência com relação ao excesso de consumismo desenfreado e desnecessário que está matando no nosso planeta! [O que não significa abandonar o bom senso na hora de se vestir. Não precisa jogar fora as coisas, mas saiba combinar com as outras peças e com o seu tipo físico pra não passar vergonha à toa..]

Um exemplo: eu sempre fui louca para ter um poncho, mas não achava para comprar, até algum estilista resolver que era moda. Então pude comprar um. Não vou jogá-lo fora se no próximo inverno os mesmos estilistas decidirem que poncho é brega.
O mesmo aconteceu com as botas baixas e de cano alto. Além de adorar bota, eu precisava desesperadamente de uma marrom para completar meu cosplay Jedi. Adivinha? Só achei depois de alguns anos, quando virou moda... Antes, se agente saía com uma bota dessas na rua, nos olhavam estranho. Hoje, qualquer perua sai por aí desfilando com uma e achando que tá arrasando. Daqui alguns anos, voltarão a olhar torto quem gosta de usar bota. E eu adoro!!! Tenho 2 e uso sempre que posso... Não vou me desfazer delas por nada no mundo, seja moda ou seja brega...

Só que o que me irrita mesmo é quando entre o que está na moda, e portanto sendo vendido nas lojas, não acho nada que eu considere usável, nada que eu goste e / ou que me caia bem. Eu disse NADA. Aliás, certas modas me causam uma gigantesca vergonha alheia... porque só de me imaginar usando algo parecido, ou se eu até chegar a experimentar no provador, fico me sentindo uma palhaça de circo!!!
E a coisa fica crítica quando se precisa comprar roupas para uma ocasião específica.
Menos de 1 ano atrás eu estava precisando de calça social preta e com bolso para trabalhar. Em todas as lojas que fui só encontrei a maldita saruel. Além de serem bizarras e horrorosas, seria simplesmente inconcebível eu ir fotografar um casamento usando tal coisa.
Só fui encontrar a calça que eu precisava alguns meses depois, em uma das mesmas lojas que eu tinha ido antes - e estou falando das redes, porque não tenho paciência com balconistas de butiques -, pois, ao que tudo indicava, a saruel foi rejeitada pela maior parte do público consumidor [nem preciso dizer porque, né...]

Outra coisa que não suporto em moda é que todo mundo quer ficar tão diferente e acabam ficando todos iguais! Eu não tenho essa pretensão de ser diferente do resto do mundo... me contento em usar apenas o que me deixa confortável.
Dos 70 casamentos que fiz até o momento, em mais ou menos 55 as noivas estavam de tomara-que-caia. E não importa quantos detalhes diferentes tenha no modelo: todo mundo enxerga apenas mais um tomara-que-caia! Elas demoram tanto para escolher o vestido e com tanto cuidado, querendo que seja especial... E no fim ficam todas iguais!!!


Das 15 que sobram, pelo menos 9 optaram pelo modelo antiquado, que apelidamos de 'bolo de noiva', mas que também ficou conhecido como 'princesa', pois é justamente inspirado naquele usado por Lady Di.

Enfim, em suma... eu detesto que tentem me enfiar algo guela abaixo! Que imponham que eu goste de algo só porque ou 'todo mundo gosta', 'todo mundo usa' ou porque 'alguém disse que é chique, legal, perfeito, descolado'.
O pior argumento que se pode usar para me convencer a usar / fazer algo é 'mas está na moda'. Não sou obrigada a gostar porque está na moda!!!
E quanto mais forçarem a barra, mais pegarei aversão!

E isso tudo porque eu só mencionei as roupas e botas... Fora as bolsas, bijus, cores de esmalte, cortes e cores de cabelo, etc...

domingo, 29 de agosto de 2010

Chris Rock - Relacionamentos!

Ontem assisti um montão de vídeos do Chris Rock e todos me fizeram rir demais (recomendo!). Esse, que começa a falar sobre “Amigos Platônicos Femininos” foi o que se destacou e resolvi compartilhá-lo e comentá-lo por aqui!

Assistam o vídeo primeiro!


Amigos Platônicos

Há! Aqueles que toda mulher tem - Nãão, ele é só meu amigo, grande amigo, nos conhecemos há um tempão... Inventamos uma “amizade platônica” pra justificar os 'amigos cerca', 'steps' ou como melhor diz Chris: “Pinto numa caixa de vidro”, em caso de emergência, quebre o vidro. Segundo ele, homens não têm esse tipo de amiga, são mais imediatistas – Se não estou comendo agora é porque estou conquistando pra comer assim que ela decidir dar pra mim. Não tem essa história de guardar pra uma hora de necessidade, esse plano de previdência feminino, é tudo pá-pum, se não pá, é porque ainda não pum. Trocamos de amigas o tempo todo, mas os “Amigos Platônicos” são pra sempre... Riam, mas tentem desmentir!

Com quantos caras ela já transou? -

Realmente queridos, poupem-SE dessa pergunta, elas nunca vão te dar a resposta que você quer e menos ainda a resposta verdadeira!
- Ah, querido, eu só tive um namorado, você sabe....

Mulheres controladoras -

A maioria das mulheres são controladoras? SIM! A gente, querendo ou não acaba medindo cada atitude, cada mínima coisinha que a gente faz. Um cálculo surreal que fazemos em nossa cabeça. Temos um valor para cada coisa.
Segundo Chris, algumas de nós, podem ser assim sexualmente também, vocês concordam?


Eu estou aqui, tentando comentar, mas o homem já diz tudo, no fundo quis mais compartilhar essas risadas com vocês e saber o que vocês têm a dizer sobre o que ouviram. Eu achei genial e pelo tanto que eu ri, só posso ter me identificado!
Só damos muita risada porque nos identificamos, o problema é assumir, right? Confesso que é a parte mais difícil, mãs... Hipocrisia à parte, o que vocês acharam?



- HAHAHHAHAHAHAH!!
- Você é assim, amor?
- Não querido, tava pensando numa amiga minha...



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu, eu mesma e meus 10kg imaginários

Aos 22 anos engravidei. Achei o máximo aqueles kilos a mais para uma magrela que antes tinha como apelido Olívia Palito, e usava frequentemente uma legging de lã por baixo do jeans para parecer que tinha a perna mais assim... gostosas saca?

Mas fugiu do controle e ao final da gravidez me deparei com 22kg acusando naquela balança que eu JU-RA-VA que estava quebrada.

Quebrada o CACETE! Eu comi todos os Big MC’s que eu pude, roubei bolacha de criancinha no parque, fiz bico por um sorvete imenso e depois custava a acreditar que minha forma roliça e o pé em formato de pão eram reais.

Meu filho nasceu, mas para minha surpresa... Não – ele não nasceu pesando 22kg... Eram apenas 3.465grs e o resto? Bem, o resto continuou bem aqui.

As pernas que antes eu queria engrossar, agora eram roliças, e eu entrei num desespero total. Cada vez que tinha uma festa, ou apenas que vestir uma roupa qualquer para uma ida ao shopping, terminava sempre em 200 peças espalhadas sobre a cama e eu sentada chorando no chão.

Eu tinha que fazer algo, não podia ficar me deprimindo e vivendo aquilo. Eu nunca fui bonita, assim... natural sabe? Mas aprendi a usar maquiagem. Sou míope. Mas aquilo não me incomodava, eu tinha um corpo bacana, pra falar a verdade eu era gostosa – SIM! era mesmo gostosa e quer saber? Acredite, eu não tinha celulite! Uhuu!

Ser gordinha mexeu com meu ÂMAGO!

Sabe que diabos é o tal do âmago? Pensa então em tudo o que você tem de mais íntimo, mais profundo dentro de você, e de repente você vê aquilo sendo cutucado... Eu me sentia um rascunho sem fim.

Aí eu descobri os remedinhos para emagrecer... Ah nem vem com esse papo besta de falar que isso é coisa de gente preguiçosa! É muito fácil falar isso quando se usa manequim 38! (eu usava 36 antes da gravidez).

Sim! Eu tomei remédios (com receita médica!), mas não me acomodei. Fazia caminhadas diárias e mudei MUITO minha alimentação. No começo eu desanimei, os resultados demoravam a vir, mas quando eu subi na balança e constatei 5kg a menos e ela nem estava quebrada! Eu pirei o cabeção. Me dediquei e valeu a pena. Em 3 meses eu me sentia outra pessoa! E se você ver minhas fotos de antes e depois de perder peso, vai ver que realmente sou outra pessoa. Como não quero causar má impressão logo no primeiro post, xá pra lá essa coisa de foto neah?

Foi então que consegui perder QUASE tudo aquilo que NÃO me pertencia. Digo quase porque embora eu esteja bem hoje, em qualquer fase da minha vida eu vou sempre achar que preciso perder 2kg.

Beijos e me mandem doces lights, please.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Não é uma fase.

Há um tempo atrás eu acreditava em fases. Eu dizia "É uma fase" enquanto batia no ombro de um amigo. E toda vez que as coisas ficavam periclitantes, eu apenas dizia a mim mesma "É uma fase" e desenhava um sorriso no rosto com o intuito de apressar a felicidade. As coisas boas sempre vinham, amanhã ou depois. Mas vinham.

Quando eu era criança e o meu irmão morreu num acidente de moto, eu sabia que minha mãe ficaria bem outra vez. E ficou, adotou uma criança, lhe confiou cuidados e salvou a sua vida - A de ambos, eu diria. Mas nada seria como antes. Nada é como antes afinal. Depois meus pais se separaram e eu pude ficar livre do terrorismo diário de um alcoólatra. As coisas pareciam ter se ajeitado até eu engravidar. Eu não queria aquilo, mas escolhi, como quem faz um xis apressado numa prova de física sem fazer os cálculos. Mais tarde descobri que aquilo, o meu filho, era o meu amor infinito. E as coisas ficaram bem, mesmo sem eu dormir por longos meses com choros noturnos, meus e do meu filho.

Depois vieram as minhas paixonites agudas - Nunca consegui ter sentimentos saudáveis. Ganhei um trabalho sólido. Abracei decepções e bingo: Muita felicidade a seguir. Quando eu chorava quase podia sorrir em cima das lágrimas, sabendo que havia a promessa de uma felicidade infinita. E se as coisas fossem drasticamente ruins... Eu sabia que haveria uma recompensa grandiosa por tudo aquilo. Depois de um relacionamento desgastante sempre haveria um homem com um chá de camomila a me esperar.

Mas agora não. Houve um homem. Um desemprego. E logo a seguir outro homem que apenas me disse "Não é uma fase! Muahahá". Desde o dia em que ele bateu a porta, eu soube que nunca mais seria a mesma. As coisas não dão certo, mesmo que eu as sinta darem certo com um sorriso tatuado na cara. Sabe? Como em O Segredo. Eu sinto que meu bilhete é o premiado e procuro nos classificados a mansão dos meus sonhos. Mas não, as coisas continuam erradas há décadas.

Talvez eu agradeça por meu filho ser saudável e por eu ter pernas, como as pessoas que sofrem graves acidentes ou perdem pessoas e percebem, absortas, que eram infinitamente felizes. E talvez essa seja a década da felicidade, a década que eu tinha pernas e olhos. Portanto, era gravemente feliz.

Mas agora que tenho um filho infinitamente saudável (até demais). E agora, enquanto ainda tenho dedos para digitar essas coisas... Quero dizer que isso está insuportavelmente insuportável e não vai passar. É a minha vida, desse jeito gravitacional de uma gravidade grave.

E que morra quem disser "É uma fase".


* Deletei esse texto por 3x, mas resolvi publicá-lo. Tenho vergonha "disso", acho adolescente demais.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Fantástico Mundo de Bob


Sabe aquela pessoa que cria mil e uma histórias na cabeça e quer transportá-la para a vida real? A pessoa que vive num Fantástico Mundo de Bob é assim: imagina uma coisa e esquece que ela não aconteceu na vida real. Algumas vezes para não se sentir ridícula por ter se dado mal, outras só porque querem mesmo (ou eu não encontrei uma explicação plausível para o fato).

Com vocês, a pessoa que vive num Fantástico Mundo de Bob.


Situação 1:
A: Então, eu estava lá parada. Apenas curtindo o show e tal, e de repente o guitarrista começou a olhar pra mim...
B: Jura??? Que legal! E aí, o que mais aconteceu?
A: Aí depois que o show acabou, ele veio direto até mim e falou que eu era a mulher mais bonita que ele viu na vida, que queria casar comigo e ter 3 filhos. Me pediu em casamento e tudo!!! Mas eu nem quis porque ele não fazia meu tipo...
B: Ah, claro...
(No dia seguinte):
C: Nossa, você viu que a A levou um fora do guitarrista lá da banda? Ela grudou nele depois do show, tava praticamente se jogando em cima dele e o cara neeeeem ai! Parece que ela falou algo como casar e ter filhos também...
B: Sério? Ela me contou diferente, mas esta versão faz muito mais sentido.

Situação 2:
A: Nossa, você não vai acreditar!!! Eu fui ao supermercado hoje e na seção de vinhos, um argentino MARAVILHOSO veio conversar comigo, falou que tinha acabado de chegar ao Brasil e não sabia qual vinho deveria levar. Trocamos algumas idéias sobre o assunto e tal, depois cada um foi para um lado. Aí, quando eu fui pra fila do caixa, adivinha? Ele apareceu logo atrás de mim. Pediu meu telefone e me convidou para ir com ele à Buenos Aires. Prometeu me mostrar a cidade toda!
B: E você topou, né?
A: Claro que não, tá louca? Passei até o número errado...que cara doido!

Situação 3:
A: E ai, você passou na matéria?
B: Passei não, tomei pau por falta, acredita?
A: Não creio!
B: Verdade! Eu fiquei com 99 no semestre, mas tava com 1 falta a mais e o professor não quis tirar...

Acho divertido fantasiar algumas situações. Que mulher nunca imaginou uma cena romântica, uma briga com o namorado (e a reconciliação, claro)? Faz bem e estimula a criatividade, mas o tempo todo só pode ser caso clínico. Além de encher o saco.

Follow Me: @claris_simao
E-mail: claris@corporativismofeminino.com

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Gentém do céu, peço desculpas pelo sumiço, mas eu estava trabalhando igual Isaura e fiquei sem tempo de escrever para o blog, mas agora estou de volta! ;) Miss you, guys!

Feios

Imagine o seguinte: você vive num mundo em que, alguns séculos atrás, nossa civilização, nosso modo de vida como o conhecemos foi extinto por uma praga que nós mesmos criamos. Mas o futuro não é nem de longe apocalíptico. É bem melhor do que o nosso mundo atual! Tudo é, literalmente, perfeito! Não há guerras ou disputas de qualquer espécie. Todos têm alta qualidade de vida e muita tecnologia. E todos são lindos. A nossa civilização vive em cidades-estado à base de desenvolvimento 100% sustentável, o que significa que a natureza está bem preservada e não precisamos mais recorrer tanto a recursos naturais. Tudo é reciclável. Os jovens têm a vida que a maioria dos jovens pediram a Deus: futilidades sem limites.


Dos 12 aos 16 anos os adolescentes da cidade Nova Perfeição vivem na Vila Feia, uma espécie de internato ondem estudam normalmente e aguardam o seu 16º aniversário ansiosamente, porque nesta data ganharão um presente do governo: uma completa cirurgia plástica, dos pés à cabeça, que lhe deixará literalmente perfeito fisicamente. E depois? É só alegria. Você se muda para Nova Perfeição onde viverá até a meia idade - quando escolherá sua profissão e fará a 2ª cirurgia - apenas aproveitando a vida: festa, festa e festa. Diversão de todo tipo, 24 horas por dia. Tudo à mão, muita liberdade, muita tecnologia. Roupas maravilhosas e nenhuma preocupação a não ser aproveitar a vida de balada em balada.

Esse mundo não parece perfeito demais? Não parece que tem algo errado aí? E se você for como eu - alguém não tão chegado em baladas e futilidades - realmente não ficaria tão animado assim com a chegada do 16ª aniversário. Mas há um problema: você não tem escolha! Na verdade a cirurgia não é um presente, é a lei! Todos devem ser perfeitos e iguais.

Tally é uma garota cuja todos os amigos já completaram 16 anos e se mudaram. Ela está ansiosa, pois se sente 'abandonada'. Não vê a hora de reencontrar seu melhor amigo, Peris, que fez a cirurgia há 3 meses. Durante uma aventura ela conhece Shay, que faz aniversário no mesmo dia que ela, mas não quer ser perfeita e foge algumas semanas antes. O problema é que sua fuga também trará consequências para a vida de Tally. E é aí que a história realmente começa. Tally descobre um mundo completamente novo e descobre toda a verdade sobre a cidade que ela acreditava ser o paraíso!

Gostei MUITO. Muito mesmo!!!
O melhor desse livro não é nem mesmo a sua narrativa, a história, os personagens, a aventura, o romance e as reviravoltas, ou o cenário. Tudo isso é de fato muito bom e muito bem desenvolvido. Mas o aspecto crucial desse livro [e dessa série] é outro: que preço devemos pagar pela 'perfeição' externa? Pela beleza... Vale a pena?

Os diálogos dos personagens e até mesmo as experiências e impressões da própria Tally são ótimos, pois nos fazem questionar esse mundo de aparências onde nós vivemos, sem perceber. A grande maioria das pessoas não é e nunca será fisicamente perfeita, porém a mídia nos impõe um padrão: modelos e atores, principalmente.
E como se não bastasse nos bombardeiam todos os dias com matérias sobre "como emagrecer", "como definir seus músculos ou sua barriga", "como ser mais sexy", "como disfarçar isso ou aquilo", sem contar as milhares de receitas de dietas, desde as mirabolantes até aquelas que passam no 'Jornal Hoje' e no 'Globo Repórter' especialmente elaboradas por 'especialistas' para cada tipo de 'problema'. Além é claro do universo de cosméticos - em boa parte inúteis - e das cirurgias plásticas para praticamente tudo... agora até transplante de rosto já está se tornando possível.

É importante não confundir aparência com saúde. Todos sabemos que obesidade pode ser um grave risco à saúde, mas não é porque você é magro que está livre de ter colesterol.
Também que não se confunda normalidade com desleixo. Ter vaidade, se cuidar é saudável... O que é preocupante é ser obssessivo com a aparência e se tornar um ser alienado, que não se preocupa com nenhuma outra questão realmente útil e importante. O que é triste e perigoso é fazer de tudo - de tudo mesmo - pela ilusão de ser perfeito e julgar tudo e todos a sua volta por esse prisma.

E é exatamente isso o que acontece no livro!!! Ser perfeito é essencial para ser aceito e se sentir bem consigo mesmo. Quando Tally começa a contestar esse universo, sua mente se abre e ela finalmente cresce de verdade. Cresce não como seus amigos da cidade, que apenas tem corpo de adulto, mas cresce como uma pessoa, alguém consciente e com discernimento para avaliar e ter opinião própria.

Um exemplo de como já estamos - de certa forma - vivendo esse pesadelo é uma situação que eu vivi há pouco tempo. Como já comentei antes, passei o 1º semestre doente. Há anos eu sofria pressão de todos para emagrecer, embora nunca tenha sido de comer em excesso e nem muito menos fosse obesa. Apenas tenho uma certa gordura localizada na barriga que só sai mesmo com abdominal. Eu só aceitava essa pressão porque a ginecologista disse que eu precisava de fato emagrecer para fazer o tratamento de ovário policistico, que é um problema muito incômodo.
Por causa da doença que tive no 1º semestre - foi pedra nos rins um tanto grave - emagreci 8 kg. Esse meu emagrecimento foi proporcional, ou seja, diminuiu tudo: até o rosto ficou mais fino... mas o que diminuiu mais foi mesmo a barriguinha. E eis que depois de curada ouvi muitos 'elogios'.
Mas sabe quando você não se sente assim tão bem com os supostos 'elogios', embora esteja feliz de entrar naquela calça jeans 38? Uma amiga me disse que eu estava procurando pêlo em ovo, pois é sempre bom ouvir que emagrecemos.

Depois eu entendi que estes 'elogios' vinham carregados um preconceito velado. Na real, significa simplesmente: antes você não estava adequalda para conviver conosco. E isso fica mais forte e perceptível quando vem de pessoas que foram lindas a vida toda. Não to fazendo tempestade em copo d'água não! Já vi meninas magras e saudáveis saírem de agências chorando porque foram chamadas de 'gordas' demais para serem modelos.

Outro exemplo grotesco foi um colega comentar no orkut que tinha visto dois caras criticando o corpo da Cléo Pires no recente ensaio para a Playboy, mas que nenhum dos dois tinha moral pra não gostar da aparência dela porque ambos namoravam, segundo ele, "dois tribufus". E eu juro que fiquei imaginado o que seriam para ele "dois tribufus"? Duas mulheres fora do padrão da mídia provavelmente? E será que ele está dentro do padrão masculino imposto pela mídia? Se não está, ele tem tanta moral para falar disso quando os outros dois, pois também é, segundo sua própria concepção, "um tribufu". E o pior: tal comentário exdrúxulo veio de alguém que eu julgava inteligente.
E o mais absurdo dos exemplos que posso citar é esta matéria que vi ontem no Yahoo!: Cirurgia plástica faz parte do treinamento de miss para levar a coroa.

Esse tipo de preconceito quanto aos defeitos físicos - que não são apenas a gordura ou cabelo liso / cabelo crespo - já estão tão entranhados na nossa sociedade que se tornaram naturais!
Esse preconceito aparece também quando se trata do estilo de vida. Se você, como eu, leva um estilo de vida 'fora do padrão' é certeza que já sentiu olhares tortos e já ouviu comentários maldosos disfarçados de piada.

"Por que você não sai todo fim de semana à noite como os outros da sua idade?"
"Por que você não está namorando?"
"Credo, por que você diz que não quer casar?"

É como se quem não seguisse o padrão tivesse algum tipo de doença perigosa e contagiosa. E quem está neste confortável mundinho plástico tem medo de mudar e começar a pensar pela própria cabeça, ao invés de simplesmente seguir o convencionalmente aceito, como gado.

Eu nunca fui de me incomodar demais com essa baboseira toda. Tenho uma certa vaidade e orgulho, sim, claro! Mas nada exacerbado. Procurava tentar emagrecer por ordens médicas, mas nunca fui de ficar contando calorias ou evitando doces.
Como bem disse o personagem David, de "Feios" [vou ocultar um spoiler aqui pra não perder a graça de quem ainda for ler]:
 
"Essa é a pior coisa que eles fazem com vocês. [...] O maior estrago é causado antes mesmo de eles pegarem um bisturi: todos vocês sofrem uma lavagem cerebral para acharem que são feios."

Por isso eu amei esse livro - que já virou best seller nos EUA e já tem previsão para ser adaptado pro cinema -, ele mostra - em um universo extremado é verdade - o quão nocivo tudo isso é! E com uma narrativa leve, gostosa e personagens muito cativantes e um pouco fora do comum.
A continuação, "Perfeitos", deve chegar essa semana e, claro, eu já encomendei. Estou super ansiosa para ler! Vou colocar aqui a sinopse da contra-capa do livro e o trailer que a editora colocou no YouTube:

Tally está prestes a completar 16 anos, e mal pode esperar. Não para dar uma grande festa, mas sim para se tornar perfeita. No mundo de Tally, fazer 16 anos significa passar por uma operação que a transformará de "feia" em um ser incrivelmente belo e perfeito, e lhe dará passe livre para uma vida de glamour, festas e diversão, onde seu único trabalho é aproveitar muito.
Mas Shay, uma das amigas de Tally, não está tão ansiosa assim: prefere se arriscar fora dos limites da cidade. Quando Shay desaparece, Tally vai conhecer um lado totalmente diferente desse mundo perfeito - e, acredite, não é nada bonito.

sábado, 21 de agosto de 2010

As Verdades Sobre a Política no Brasil

Bom, vou pegar carona no post da Heleninha, tanto por ser um assunto pertinente quanto pra aproveitar que o FN postou vídeo novo hoje.

Eu sempre gostei de política. Sou Mesária e confesso que tenho um certo orgulho disso.
Uma coisa que me intriga e me revolta há um certo tempo é ter reparado que a maioria - se não todos - dos sites intitulados ou categorizados como "femininos" nunca falam de política seriamente. O mesmo - e até pior - para as revistas "femininas". Façam uma pesquisa e comprovem por si mesmas... E eu fico me perguntando por quê?
Dêem uma olhada - só pra citar 1 exemplo - no site Papo de Homem. Tem diversos tópicos sobre o assunto.

E por que esses disparates acontecem? Porque embora um pequeno grupo de mulheres tenha lutado pelos direitos iguais, inclusive na política, a grande maioria das mulheres seguiu acreditando em máximas ridículas como "política é assunto de homem". Mesmo aquelas que são ou se dizem modernas e independentes.

Várias dessas revistas ditas "femininas" se auto-intitulam como "a revista da mulher moderna", mas só falam de estética, saúde e moda... Ah, claro... e sobre sexo e filhos!
Um exemplo desse pensamento grotesco é o filme "Como Perder Um Homem em Dez Dias". A diretora da revista promete a Andy que se ela fizer a matéria poderá publicar o que quiser na revista. Quando ela entrega a matéria e pergunta se pode falar sobre política externa e atualidades a resposta é um sonoro NÃO!
É esse tipo de revista que contribue para que as mulheres continuem sendo alienadas e fúteis. E é um ciclo vicioso... Porque começa com as meninas que lêem as famosas revistinhas "teen" e depois dos 18 migram para as revistas "femininas", que teoricamente são revistas para "mulheres adultas", mas continuam falando basicamente dos mesmos assuntos, apenas com outro tom, outra abordagem. Não estou dizendo que todas que as lêem são alienadas... mas boa parte, sim.

Vocês que frequentam o CF realmente acreditam que ser mulher moderna é andar na moda, ter corpão, chegar ao orgamos de mil maneiras diferentes e ter uma penca de pirralhos na barra da saia?
Desculpem minha revolta, mas eu vejo um horizonte muito maior para mim!

Lutamos tanto para ter direitos iguais e quando os temos não usufruímos. Nem mesmo na maravilhosa cidade de Atenas da Grécia Antiga - berço da democracia -, mesmo sendo a deusa Atena a sua protetora - a deusa da sabedoria e da guerra estratégica - as mulheres não podiam votar.
Para votar em Atenas - se bem me lembro - era necessário ser maior de 25 anos, homem, cidadão ateniense - não podia ser nem escravo e nem 'estrangeiro', ou seja, de outra cidade-estado - e se não me engano tinha uma renda mínima também. Ou seja, apesar de 'democrática', a cidade aceitava votos apenas da elite masculina.
Por que estou dizendo tudo isso? Para que todos vejam que estamos no auge da democracia! Nossos ancestrais talvez tivessem inveja de nós e também muita raiva... raiva porque mesmo com toda essa liberdade e poder em mãos, só fazemos m*rda - com perdão da palavra! Não sabemos usar bem o que eles conquistaram para nós! Não damos o devido valor!!!

Enquanto rimos desses palhaços que aparecem fazendo graça no horário eleitoral - como Tiririca e Mulher Melão - aqueles que realmente já sabem que vão ganhar as eleições riem também... Mas riem de nós, porque a distração estratégicamente elaborada está funcionando. Equanto rimos da Mulher Melão não damos atenção ao que os corruptos [eleitos e reeleitos infinitamente] estão fazendo com nosso dinheiro [política interna] e até mesmo em nosso nome [política externa].

Por isso vou colocar aqui o mais novo vídeo do Felipe Neto, postado agora há pouco no YouTube, onde ele fala de políticos. Achei simplesmente perfeito! A única coisa que eu discordo é em relação aos 4 candidatos. Eu já tenho 1 e acredito nele, mas esse post não é pra fazer propaganda gratuita de ninguém.

Ah... pra quem não conhece o FN não se assustar, aviso: o vídeo é recheado de palavrões... mas também expõe a verdade nua e crua! Lá vai...



Proponho aqui uma campanha: Política também é COISA DE MULHER, sim!!!

Mas quero esclarecer uma coisa: ser a favor das mulheres discutirem e entenderem de política nada tem a ver com votar em mulheres apenas porque são mulheres. Isso é uma distorção do feminismo. Resolvi escrever isso porque ouvi tal pérola há pouco tempo. Me perguntaram porque eu não queria votar numa candidata se sou mulher.
Não me interessa se é mulher ou homem: o importante é ter capacidade administrativa e caráter para cuidar do nosso estado e do nosso país. O que interessa é a pessoa, quem ela ou ele é!
Ser uma mulher que entende de política significa acompanhar os acontecimentos nacionais e internacionais, estar atualizada, saber quem é seu candidato e ter consciência e discernimento quando estiver apertando o botãozinho verde na urna eletrônica!

Se quiser me escrever, já sabem: cris@corporativismofeminino.com
Se quiser me seguir no Twitter: @CrisSoleitao

Bjos,
FUI!

E não esqueçam de pensar BEM em tudo isso antes de votar ;D

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eleições... só se for de humor

Odeio eleições, e esse ano TÁ FODA, To pensando seriamente em anular meu voto pra presidente. O mundo que me desculpe mas me recuso a passar mais 4 anos com PT, e votar no Serra também é triste...
E enfim, toda eleição tem humor né, vamos aos fatos:
1) Professor Galdino, 45021
Quem mora em Curitiba já se deparou com este SER saltitando na rua XV com um MEGAFONE, cercado de alunos da UFPR, cantando este grude:

sim, a idéia é se eleger fazendo o mundo decorar o número dele por osmose.

2) Tiririca, 2222

Enfim, esta merda de vídeo fala por si só...

3) Netinho no Senado, no maior astral. E avisa o Suplicy que tem palanque à vontade... quatro minutos de muito suingue, vale ver e rir até o fim.


4) Mulher Melão, deputada estadual. SIM, VOCÊS LERAM CERTO.

Vou sair do Brasil, tá bizarro.

Divirtam-se, e enfim, votem em coisas melhores do que isso, POR FAVOR!

twitter: jules_at_play

e-mail: heleninha@corporativismofeminino.com

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O "Macho" da Relação

Eu puxo a cadeira. Abro a porta do carro, ansiosa. Eu o tiro para dançar e conduzo os passos... E, Deus, tenho que me controlar para não rodopiá-lo no ar. Eu levo todas nossas compras e esqueço que ele poderia me ajudar. Decido onde vamos e quando vamos. E quando há alguma opinião a ser dada, minha voz o inibe de mencionar qualquer palavra. Não quero carinhos depois do sexo, apenas adormecer para o amanhã.

É assim, foi assim. Descubro que eu sou o homem da relação. Obviamente que nesse atual mundão de Deus qualificar o que é "atitude de homem" e "atitude de mulher" é temerário e beira a arbitrariedade. Mas o homem deveria ser o protetor, o que conduz, o que planeja por, teoricamente, a mulher já possuir tantas preocupações extras. Ele deveria ser o ATIVO, assim como é na cama. A mulher deveria ter o seu tirado da reta - Uma vez na vida, que seja! Mas não é o que acontece, ao menos comigo!

Numa relação mal posso respirar, por ter que dirigir todos os capítulos e, ainda, atuar neles. Escolher os figurinos, levar comida ao elenco e, ainda, decorar o cenário. Eu o levo ao novo restaurante e lhe faço surpresas. E é tão cansativo ser tão ativa assim.

Sou mulher e hetero. Teoricamente, eu deveria ser A Passiva. Mas sou tão ativa que vejo os olhos marejados dele, receoso de que seja bolinado durante à noite. Preciso de alguém que cuide da porra das minhas coisas. E como REALIDADE está enfiada entre as minhas pernas como um O.B. GG, sei bem que é quase impossível alguém com atributos ATIVOS sendo homem. Se eu quiser amar outra vez, que eu esteja preparada para ser a empregadinha de alguém. Deus (quantas vezes eu disse seu nome em vão aqui?), quero ser mulherzinha. Quero ser frágil. O sexo frágil. A fragilidade. A passiva. Ficar lá, levando. Só levando. Passivona (Leia isso com voz de biba).



Você já se sentiu O Macho da relação também?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

TEXTO DA LEITORA: Deixa que EU dirijo!

No auge da minha indignação eu venho aqui concretizar a minha teoria: " Por trás de uma mulher barbeira, há sempre um pai que grita!". Nós mulheres somos crucificadas com a famosa frase " Mulher no volante, perigo constante.", somos taxadas de barbeiras e paramos o trânsito não por nossa beleza, mas pela nossa falta de capacidade ao volante! Francamente!

Não é a primeira vez que eu ouço histórias de mulheres que dirigiam mal na frente do pai. Perto da mãe, junto das amigas era tudo flores, mas quando a figura paterna entrava e se assentava no banco do passageiro, com aquele olhar de "você vai errar", era batata! A pobre coitada assassinava o Código de Trânsito Brasileiro, furava o semáforo, subia na guia, deixava o carro morrer, quase batia o carro, entre outras catástrofes que só acontecem, eu disse só acontecem quando estamos dirigindo na companhia de nosso querido pai.

Minha professora de CFC contou que pra piorar a situação o pai dela era instrutor de trânsito, e que quando estava sem ele, ela até que dirigia bem, mas quando o pai entrava no carro, ela cometia barberagens homéricas, como quase entrar dentro de uma agência bancária com o carro! Quando eu ouvia essas histórias, eu até pensava que poderia ser generalização, e eu detesto generalização. Quando comecei a dirigir, meu pai foi muito paciente. Não tinha do que me queixar. Hoje eu percebi que não é lenda urbana, é a mais pura verdade!

Eu tenho carta de motorista, aliás, permissão para dirigir há dois meses e nunca fiz grandes barberagens. Sempre tive cautela, nunca subi numa guia, nem sai cantando pneu no meio da rua. Hoje eu fui com o meu pai buscar o meu irmão, e a cara de "poucos amigos" que o meu fez quando pedi pra ir dirigindo já me deu uma prévia do que aconteceria. Fui conversando com ele, tentando quebrar o gelo, mas ele era irredutível, parecia um instrutor careta e velho ensinando uma patricinha desligada a dirigir. Me falava de tudo que eu tinha que fazer, coisas que eu já sabia, mas ele enfatizava e sua voz soava um grande desconforto.

Daí só pra pior. Gritou comigo, mexeu no volante porque ele achou que eu fosse bater o carro, enfim... Eu não estou aqui pra crucificar meu pai, eu só estou aqui concretizando a minha teoria. Nós mulheres, nós sabemos dirigir sim! Mas o que nos faz tremer na frente do volante são as vozes graves de nossos pais, irmãos, namorados, maridos, que tem a plena convicção que sem os gritos deles só iremos fazer uma bela duma cagada no trânsito!

Eles tem que gritar! Mas será que eles já experimentaram ficar quietos e observar o resultado? Então, homens que estão lendo esse texto, não gritem com suas filhas, suas mulheres, suas qualquer-coisa que estiverem ao volante! Um grito de vocês pode trazer um belo medo de dirigir e até mesmo anos de terapia para nós, pobres mulheres injustiçadas no trânsito, só porque somos MULHERES! E tenho dito!!!


Gabriela Sikorski

domingo, 15 de agosto de 2010

Cabelos longos, cérebro curto!

Gente, comecei uma matéria esse semestre na faculdade sobre as origens do “feminismo” e a discriminação da mulher histórica e socialmente. Já lendo o primeiro texto senti vontade de comentar aqui com vocês e vou transcrevê-lo em partes. Acho um tema muito interessante e uma discussão muito válida, então, vamos botar os bofes críticos pra fora, ler e comentar!




Trechos seguintes retirados do artigo:

“Para a história conceitual da discriminação da mulher”

– Marisa Lopes*

“Será justo, então, o réu Fernando Cortez, primário, trabalhador, sofrer pena enorme e ter a vida estragada por causa de um fato sem conseqüências, oriundo de uma falsa virgem? Afinal de contas, esta vítima, amorosa com outros rapazes, vai continuar a sê-lo. Com Cortez, assediou-o até se entregar. E o que em retribuição lhe fez Cortez? Uma cortesia...” (Pimentel, S.)

É difícil acreditar que a vítima tenha se sentido honrada com semelhante cortesia. Nem ela, nem as muitas mulheres que se tornam duplamente vítimas ao serem expostas a afrontosas decisões judiciais sobre crimes de estupro. (...) “O crime de estupro era [por que não, é?] o único no mundo em que a vítima é acusada e considerada culpada da violência praticada contra ela”. (Pimentel, S.)

O recente caso Geyse, estudante da Uniban, confirma o diagnóstico: agindo por meio do terror, a turba pseudo-universitária brada contra a estudante palavras que soariam bem aos ouvidos dos velhos insquisidores. (...)

Fanatismo (praticado por machos) capaz de produzir estultices como as que escreveu Moebius (1853 – 1907), médico e psiquiatra alemão. O livro de Moebius, Inferioridade da mulher: a deficiência mental fisiológica da mulher, que passo a expor, parte da constatação de que as faculdades intelectuais do homem e da mulher são muito diferentes. Diferença essa que pode ser relativa e, neste caso, as mulheres teriam maior capacidade para uma coisa e os homens para outra, ou absoluta, as mulheres são em sim mesmas deficientes em relação aos homens. A “sabedoria” proverbial – cabelos longos, cérebro curto – fornece compreender claramente o estado intelectual da mulher e o valor de sua deficiência intelectual para que pusessem em ação todo o seu poder para combater, em favor da humanidade, as tendências contranaturais dos/das feministas.

Trata-se então de apresentar as “provas científicas” que fundamentam suas, no plural, deficiências. Em primeiro lugar, existe uma deficiência anatômica na mulher, um retardo, diz o autor, no desenvolvimento da circunvolução do lóbulo frontal e temporal, semelhante, aliás, à encontrada nos homens pouco desenvolvidos, como os negros.



A necessidade de cuidar dos filhos é a causa da diferença entre os sexos. A eterna sabedoria não pôs ao lado do homem outro homem provido de útero [tudo indica que o autor lamente], mas outorgou à mulher de que necessita para o melhor desempenho de seus nobilíssimos deveres, embora não lhe tenha outorgado a energia mental do homem. Se se quer que ela cumpra bem seus deveres maternais, é necessário que não possua cérebro masculino, caso contrário veríamos atrofiarem os órgãos maternos. A mulher deve ser, antes de tudo, mãe amorosa e abnegada, como exige a natureza. (...) A energia e as aspirações por novos horizontes, a fantasia e a ânsia por conhecimentos novos se serviriam apenas para fazer a mulher inquieta e transtornar seus deveres maternais. (...) Ademais, quanto mais se propaga a civilização, menos se procria.

Do ponto de vista do comportamento, seu instinto a torna parecida com as bestas. Característico disso é a sua falta de opinião, a faculdade para saber diferenciar por si mesma o bem e o mal, no que depende, para isso, de uma influência extrínseca. As mulheres são rígidas, conservadoras e odeiam a novidade, a não ser nos casos em que o novo lhes traga vantagem pessoal ou quando essa novidade agrada a um amante. A lei, portanto, deve considerar a deficiência mental fisiológica da mulher e não julgá-la como a um homem. A sua incapacidade para dominar as tempestades afetivas e a falta de sentido da equidade provam que é uma grande injustiça julgar ambos os sexos igualmente.

Sua moral é a moral do sentimento, ou seja, uma inconsciente retidão. Sua coragem deve servir para defender sua prole, pois exercer esse valor em outras ocasiões só a molesta. Justiça para elas é um conceito vazio e sem sentido.

Sem escrúpulos, pode-se afirmar que a natureza deu preferência ao homem e tem demonstrado querer formar dele um tipo mais perfeito pelo fato de fazê-lo se desenvolver mais tarde do que a mulher, predileção que é evidente na medida em que permite ao homem conservar as faculdades adquiriras até o fim de sua vida. (...) Sua ampla escravidão seria a causa de sua mente ter atrofiado.

Por isso, “[...] devemos esperar toda a saúde unicamente da sabedoria do homem, pelo menos até o ponto que a intervenção humana pode alcançar; isto é, que o homem deverá dizer clara e terminantemente à mulher que não quer saber nada de liberdade incondicional. E se o homem o faz seriamente, terminará de uma vez por todas o movimento feminista”. (Moebius) Sabemos que, não tanto tempo depois, idéias como as de Moebius se tornaram dominantes na Alemanha nazista, aquela do tipo K: Kirche, Kuche, Kinder.

Deficiente, inferior, incapaz, enferma: todos esses qualificativos associados à mulher não são o produto de um delírio individual, mas de um ratio masculinizante estruturante de uma antropologia e de uma cultura que concebe a mulher como um ser inacabado e imperfeito, naturalmente inferior ao homem e incapaz para a vida social e política.

*(Prof. do Departamento de Filosofia da UfSCar)

(...)




Bom, o texto continua falando das idéias sobre a incapacidade da mulher em Aristóteles, que foram as que mais prevaleceram, dentre as idéias “feministas” de outros filósofos, e que forneceram o referencial teórico para essa tendência misógina. Não consegui achar o texto na íntegra na internet, então resolvi parar por aqui para não ficar muito longo, mas acho que só as idéias desse Dr. Moebius já despertaram revolta em muita gente (espero!) e já dão bastante pano pra manga.

Resolvi não comentar para não estender o post ainda mais, vou deixar os comentários para a próxima semana!

E aí, o que vocês acham de tudo isso?!


Sigam! @omerengue


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Minha Maior Vaidade

Como uma nerd e, presumivelmente, uma pessoa que não é muito chegada à moda, não é difícil de imaginar que eu nunca fui extremamente vaidosa. O que não significa também que eu seja desleixada. Apenas nunca dei mais importância à aparência do que à outras coisas da minha vida. Mas confesso, desde que me entendo por gente meu cabelo sempre foi a minha maior vaidade!

Quando eu era criança simplesmente odiava ir ao cabeleireiro. Era a única ocasião em que realmente podia se dizer que eu fazia 'birra' [ah... e também quando tinha que tomar injeções no hospital. Mas isso era realmente traumático]. Eu achava que cabelo tinha que ser comprido e ponto final! É claro que eu ainda não entendia - e ninguém fazia questão de me contar também - que o cabelo precisa ser cortado às vezes tanto para se mantar saudável quanto para crescer mais e mais rápido. Porém eu tinha trauma do cabeleireiro porque a minha mãe sempre gostou de 2 coisas que eu detesto até hoje: cabelo curto e franja. E ela teimava em mandar a cabeleireira me tosar, mesmo sabendo que eu odiava. Acho que tem pessoas que realmente ficam bem de cabelo curto e franja... Só que simplesmente não combina comigo.
Naquela época não tinha tantos cosméticos à disposição e não tinha chapinha. Daí vocês podem imaginar uma garotinha de uns 7 ou 8 anos, com MUITO cabelo, curto e com franja. Imaginou a cena? Lindo, né?! Meu cabelo ficava super armado. Uma "coisa".

Ironicamente hoje eu adoro ir ao cabeleireiro. Não para fazer mil e um tratamentos e pintar. Apenas para cortar mesmo. É extremamente aliviante fazer isso quando ele começa a ficar pesado. Aliás, acabei de chegar de lá, tô de ótimo humor, rs.
Esse amor pelo salão e por deixar que me passem a tesoura surgiu quando eu tinha 14 anos. Desde os meus 11, quando eu comecei a cuidar dele por conta própria, eu travava uma verdadeira guerra contra o meu cabelo. Foi mais ou menos nessa época que começaram a surgiu novos tipos e novas marcas de cosméticos para cabelo - pra se ter uma idéia, até então, o único condicionador que existia, ou que eu me lembro, era o Neutrox. E eu não tinha a menor idéia de como identificar o que me servia ou não. E - mais do que tudo - eu odiava o fato do meu cabelo ser 'ruim'. E quando eu digo 'ruim', não estou querendo dizer encaracolado, enrolado ou qualquer coisa assim. Eu dizia que ele era 'ruim' por ser indefinido: nem liso, nem enrolado. Meus pais diziam que era 'ondulado', mas isso não mudava o fato de que nada funcionava com ele e nenhum penteado ficava bem. Era como um bandido: ou tava preso ou tava armado. Nem preciso dizer que ele passava a maior parte do tempo preso e ainda assim me dava muito trabalho! Isso porque mesmo preso ficavam 'pulando' na frente aqueles fiozinhos soltos, o tal do 'frizz', fazendo parecer que eu tinha levado um choque. Tenho uma história absurda do que fiz certa vez por causa disso, entretanto não tenho coragem de lhes contar, rs.

Mas enfim... voltando aos meus 14 anos. Um belo dia, resolvi ir à cabeleireira por conta própria e decidida. Tinha visto um corte repicado e resolvi arriscar. Quem sabe não resolveria meu problema? E resolveu! Uso o mesmo corte de cabelo até hoje. Claro que nesses 11 anos eu já variei um pouco... às vezes bem comprido, às vezes um pouco mais curto... às vezes bem liso, às vezes enrolado [hoje em dia ele se enrola se eu deixar secar sozinho. Vai entender!]. E às vezes até deixo ele com corte reto de novo, mas dá o triplo do trabalho para cuidar. Então, consquentemente sempre acabo voltando para o bom e velho repicado.
Lembro até hoje do dia seguinte na escola, uma das minhas melhores lembranças daqueles tempos. Eu nunca fui muito popular na escola, não me dava muito bem com a turma. A cara que fizeram quando me viram entrando - atrasada - na sala, juro, foi digna de uma cena de cinema! Hhaha...

Confesso que hoje em dia gasto uma pequena fortuna com meu cabelo, e isso porque eu mesma cuido em casa e não pinto de outra cor. Porém gasto bastante com uma linha de shampoo, condicionador, hidratantes e fluidos de silicone que são mais caros que a média. Sem contar a eletricidade, com secador e chapinha - quando me dá na telha de fazer. Quanto ao tempo que desperdiço, nem se fala. Posso passar horas cuidando, entre lavar, hidratar, secar, alisar...
Durante esses anos testei muitos produtos, pesquisei muito e enchi a paciência das minhas primas [rs] até chegar no ponto ideal. Hoje posso dizer, orgulhosa, que finalmente tenho um cabelo saudável e que me agrada.

Por nada no mundo deixaria de cuidar do meu cabelo. Nada acaba mais fácil com meu humor, ânimo e até minha segurança do que ter algum compromisso e ver que ele está horrível. Se meu cabelo não está do meu gosto, não vai ter maquiagem ou roupa que me faça sentir bem com a minha aparência!

E vocês, meninas? Qual sua maior vaidade?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sugestão de Livro: O Mundo Pós-Aniversário




Irina McGovern é personagem central de uma história fictícia que se contada em linhas gerais parecerá vulgar e pouco atraente. Com tiradas cáusticas acerca do relacionamento homem e mulher, seus percalços e vieses, a autora Lionel Shriver faz analogias fabulosas sobre as decisões e rumos que tomamos. E se Irina abandonasse a sua união estável com um homem estável? E se, de repente, ela deixasse todo o conforto para se aventurar nos braços de um homem aventureiro? É assim que a autora nos presenteia, com possibilidades!

Como teria sido sua vida profissional se optasse por ter a vida mansa a qual estava acostumada? E como seria o Natal na casa da sua mãe rígida e neurótica ao lado de Ramsey, aventureiro e pouco intelectual, ou ao lado de Lawrence, estável e compenetrado em agradar a sogra?

Há sempre 2 capítulos para 1 situação. No primeiro, Irina continua a sua vida organizada ao lado de seus temperos e do homem previsível que é Lawrence. No segundo, Irina arrisca tudo e compra novas roupas para viver ao lado de um homem que ganha a vida debruçado numa mesa de sinuca. E, ainda, põe Irina entre a leveza de ter grana e a rigidez de ter que economizá-la.

Essa história nos leva a refletir sobre a vida. Sobre como QUALQUER DECISÃO tem seu ardor. E que quando optamos por UM caminho, é certo olharmos para o outro - aquele que não escolhemos - com frescor. Quase posso sugerir que todos os homens são iguais ou que todos os relacionamentos são iguais ou que não se pode ter tudo. Mas não farei isso, soaria simplório e prejudicaria a beleza desse livro.

Ao final, independente da sua escolha, Irina terá o mesmo gosto agridoce na boca, mas como chegou até ele, as dores e prazeres, serão peculiares e únicos. Tristemente, esse livro me levou a uma descrença maior sobre os relacionamentos afetivos homem-mulher. Sobre como somos dolorosamente substituíveis, reforçando coisas que eu acredito e, relutantemente, tento driblar. Talvez não doa assim para todos. Mas doeu para mim e foi com areia.


* A história é baseada em fatos reais. Como na vida não há como viver 2 caminhos ao mesmo tempo, como sugere o livro, a escritora curiosamente escolheu o "jogador de sinuca".

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Diário de uma Traição


Olá, meninas! Só assim para eu aparecer, não é? Vim trazer o texto da Heleninha, já que a nossa querida boneca inflável está com o computador quebrado. Sentem, lá vem história (e das boas!)

Acho que vou receber pedradas por este texto (ok, tamo aí pra isso, primeiro pedrada porque eu posto demais a minha cara, pedrada por causa de um texto vai ser fichinha, hohohoho), mas tudo bem, vamos ver se alguém se identifica desta vez. Vou contar uma história que ando observando de perto, sem citar os nomes verdadeiros de ninguém, porque, como eu disse em textos anteriores, dar minha cara a tapa, beleza! Prejudicar pessoas que eu conheço, jamais. O que vou escrever é o que me contaram, em detalhes, com alguns comentários meus, hehe.

Era uma vez um cara com trinta anos recém feitos, nem feio nem bonito, charmoso, sedutor, talvez. Junto da mesma pessoa desde os dezessete anos, a vida era uma rotina perfeita, e ele achava que nada de novo aconteceria. E nada de novo estava acontecendo mesmo. Nem mesmo quando Angélica sentou-se ao seu lado com os pés tortos, toda escabelada, pedindo algumas informações, alterava sua rotina. Eles só se conheciam de vista, trabalhavam em coisas totalmente opostas, nunca sequer tinham se falado. Era aniversário dele, e conhecendo Angélica como eu conheço, tenho certeza que ela ficou aquela meia hora ao lado dele refletindo se lhe dizia parabéns ou não. Aposto que não disse, ela não tem tato como pessoas "espíritos de luz" teriam.

Alguns dias depois ela me disse que tinha sonhado com o cara, veja só que absurdo, sonhou que ele tinha lhe dado um selinho ahahahah. Nós rimos aquele dia. Pense, eles tinham se visto pouco mais de seis vezes naquele mês, se cruzado duas ou três vezes no almoço e só. E pelo amor de Deus! Ele usava uma aliança tão grande que chegava a andar torto. Ela era uma garota comum que usava tênis sujos. Nada demais. E então, de repente, tudo mudou. Um dia todos se sentaram na mesma mesinha pela manhã com a garrafa térmica, e ela sentou-se na frente dele, eu do lado, e ela não lhe disse bom dia. Eis que ele disse: Angélica, você fez sexo comigo esta manhã? Porque não me deu bom dia? E eu a vi desmanchar mesa abaixo, tímida. Ele levou uma bronca minha pela ousadia: Você nem mesmo conhece ela! Que absurdo! Envergonhou a menina! Ele riu, disse que estava só brincando, e que ela parecia simpática, mas que pediria desculpas. Pediu no outro dia pela manhã. E então, nunca mais se desgrudaram. Amizade instantânea. Sinceramente? Achei lindo. Não é cinematográfico?

As pessoas notavam como os olhos dele brilhavam quando ela chegava com os tênis encardidos, ou quando ela se lamentava que tinha feito alguma cagada no trabalho. Sempre dizia isso a ela: você não vê? Ele olha para todo mundo, mas fixa na sua direção se te vê. Ela dizia que não era nada, afinal ele era casado. Eram amigos, só isso, ela aceitava - ou pelo menos era o que ela gostava de vomitar para o mundo - que tudo fosse assim. E então eles se sentavam juntos no intervalo e ele tocava de leve suas panturrilhas. Angélica era uma garota forte, eu não resistiria, mas ela, ela era brava! Gostavam de ver os mesmo vídeos na internet, e um dia ela precisou de outra informação e lhe mandou um e-mail que recebu a seguinte resposta: Só assim pra você escrever para mim. Ele espalhava por aí que ela era a melhor amiga que ele jamais teve, já que estudou com só com homens por toda a vida e nunca teve uma amiga de fato. Era uma amizade madura. Não havia sexo, nada. Angélica se sentia muito bem. Se passou muito tempo, algumas pessoas começaram a fofocar que "ali tinha". Mas não tinha. Eu era testemunha de que não tinha mesmo.

Um dia ela precisou realmente de ajuda para um trabalho. Não sabia por onde começar e ele prometeu lhe ajudar no intervalo. E então ele pegou a lapiseira e começou a escrever no bloco de folhas. E ela esqueceu de olhar para o que ele estava fazendo no papel, começou a olhar pra ele. E ele disse: pára de olhar pra mim, por favor. E então ela perguntou o porque, e ele respondeu: você está me provocando. Ela segurou na palma da mão dele e ficaram se olhando por alguns minutos e foi isso.

É claro que o Universo conspira, eu acredito nisso. No outro dia "ó vamos beber, vocês - Angélica e ele - seus anti-sociais tratem de ir também, vai ser legal!". Foram. Beberam. Ela precisava ir pra casa, ele levou ela de mãos dadas. E então se beijaram. No outro dia ele sentou ela numa cadeira, disse que aquilo nunca mais aconteceria de novo. Ela riu, divertida, e levantou. "Porque você não gosta de conversar?" "Não tem nada pra conversar, deixa rolar!". E então obviamente aconteceram outras e outras e outras vezes, toda vez ele jurando que seria a última porque ele amava muito a pessoa que tinha em casa. Brigavam, ela ficava uma semana sem falar com ele, ele pedia desculpas e tudo voltava. E então um dia ele disse que não aconteceria nunca mais, que ele estava falando sério. Ela começou a chorar. Viu a verdade nos olhos dele daquela vez. Se perguntou porque aquilo estava acontecendo com ela. Ele resolveu dizer a verdade, ou que eu considero "verdade em partes".

Arrumada, Angélica era de fato alguém com muito potencial. Ele estava preso a uma mulher com um bebê pequeno em casa. É notório que, quando uma mulher vira mãe, ela deixa de ser mulher e vira só mãe por algum tempo. (Ai gente, vamos ser realistas? É a verdade ok, todo mundo sabe disso, cadê o Deja pra me defender?) Angélica contava que uma vez o fez chorar - do jeito que ele é meio mané acredito que de fato tenha chorado - porque dizia na cara dele que ele não honrava as calças que vestia, era um bundão, um monte de merda. Ele disse a ela, que nunca foi tão escrachado em toda sua vida e que nunca contestava, porque ela tinha razão. Ele estava em sua zona de conforto. Preferia ter o que tinha em casa a perder as duas - os namoros da Angélica nunca duraram mais de dois anos, eis uma pessoa que promove o desapego - e pior, perder o crescimento do gurizinho. Não era que ele não gostasse dela. Ele gostava, só não sabia o que fazer com aquilo, e morreu de medo quando descobriu que era recíproco. Ela ficou sem entender nada e se afastou. Tinha pavor de gente indecisa. Ele sentia falta dela, ela não respondia nem mesmo seu bom dia pela manhã. Mas quando íamos pra casa ela se debulhava em lágrimas. Ela havia mudado a rotina dele, bagunçado os papéis, e ele não sabia por onde começar a recolher a bagunça. Se sentia culpado. Enfim, uma grande maricona, ah pelo amor de Deus, PRONTO FALAY. e então ele completou: "Estar com você vai contra tudo que me ensinaram a vida toda. Eu não sei como lidar com isso."

Nunca soube o que lhe aconselhar.

Tudo que sei é que eles voltaram a ser amigos. Ele ainda brilha quando olha pra ela, embora ela não corresponda mais, pelo menos não na frente do mundo. Só na sua bolha particular.

Não dou dois meses pra Angélica fazer o que sabe melhor: desaparecer.

Mas gostaria de dizer algo legal pra ela. Vocês podiam dar uma força aí nos comentários, que tal?

Heleninha

heleninha@corporativismofeminino.com
twitter: jules_at_play

Texto da Leitora: Eu, contra mim mesma, puxando meu próprio tapete

Depressão é uma doença séria, mas infelizmente ainda é menosprezada por muitos. Tanto por alheios, que muitas vezes acham que os que sofrem de depressão na verdade estão de frescura, corpo mole, preguiça, e coisas do gênero, quanto por aqueles que a adquirem e muitas vezes não percebem sua mudança de comportamento e acabam se acomodando em um mundo depressivo sem perceber, sem acreditar. Esse foi meu caso por um longo tempo.

A depressão foi me consumindo aos poucos, a perca de interesse pelos estudos, trabalho e hobbies. Vontade extrema de ficar em casa fazendo nada, falta de coragem e de ânimo pra coisas simples como organizar meias ou sair pra uma festa, enfim, desanimo absoluto. Oscilar entre picos de extrema sonolência e insônia, uma vontade imensa e incontrolável de chorar que vem do nada, e mais uma série de coisas que por muitas vezes preferi chamar de preguiça a acreditar que era depressão.

Eu diria que passei anos menosprezando sintomas depressão, que foram aumentando a cada dia, até que cheguei a um ponto em que já estava decidida a procurar ajuda, mas protelei enquanto pude, e quando já estava de consulta marcada com um psiquiatra para o mês seguinte, o que eu menos esperava aconteceu. Sofri uma crise, tremenda (e horrível) provocada pela depressão. Sem dúvidas, foi uma das piores experiências da minha vida.

Além da depressão, sempre sofri de ansiedade, as duas juntas culminaram nesse momento de crise. Foram dias que, juro, nunca imaginei que fosse vivenciar.

Tive ataques de pânico com direito à coração disparado, insônia, dormência - que começou nos dedos e se alastrou pelos braços, pernas, pescoço, cheguei a pensar que fosse ficar inconsciente, mas graças a Deus isso não aconteceu. Tive que parar no hospital algumas vezes para conseguir remédio pra dormir – sem eles, eu passava uma noite que podemos chamar de noite do terror, sem conseguir dormir, respiração ofegante, com sensação de que ia ter um ataque a qualquer momento. Cheguei a pensar que estava ficando louca. Em uma das crises cheguei a tomar seis calmantes fototerápicos de uma só vez – sem que me provocassem qualquer efeito. E confesso, cheguei a ir na cozinha e pegar uma faca. Mas não tive e não teria coragem de fazer nada contra mim. Na verdade eu achava que precisava ser internada, não suportava mais aquela consciência doentia dentro de mim.

Desde então passei a entender melhor as pessoas que comentem suícidios ou que vivem embriagadas. Não cheguei a pensar serialmente em suicidar-me, mas pensaria se a situação tivesse continuado por mais dias. Ou buscaria algum refugio no álcool ou em qualquer outra coisa que pudesse me entorpecer.

E nesses dias que eu soube verdadeiramente o que é ter uma depressão profunda. O que é querer ficar estatelada em um canto qualquer sem vontade de se mexer, sem vontade de comer, de tomar banho, de trocar de roupa, de pentear os cabelos. A vontade de tentar dormir e não conseguir, pois bastavam 15 minutos de cochilo pra acordar com o coração querendo sair pela boca.

A vontade de ler um livro e perceber não consegue prestar atenção em uma linha sequer. A vontade de ver um filme e perceber que não absorvia 0,001% do que os personagens dizem. A vontade de urinar gotinhas a cada 5 minutos, pois o controle do meu corpo já não era meu.

Ficar encostada em um sofá ou uma cama qualquer não era um conforto, e sim, apenas uma tentativa de conforto, mas aquela sensação ruim continuava dentro de mim o tempo todo.

Fui à psiquiatra, que não precisou de muito para diagnosticar o que se passava. Fui medicada, recebi algumas orientações e a garantia de que aquilo tudo ia passar. Voltei pra casa, e felizmente, passou. O pior passou, a crise passou. Mas ainda continuo na luta contra a depressão, uma batalha à favor da felicidade, que, sinto informar, não é fácil ser vencida. Por mais que eu me esforce, não é fácil. Parece mais fácil que o mundo realmente acabe em 2012, ou melhor, que acabe amanhã mesmo. Meus amigos e minha família sabem o quanto tento lutar contra isso, mas infelizmente não é tão fácil quanto muitos pensam.

Enfim, com esse texto eu só queria dizer e pedir que nunca menosprezem uma doença desse tipo, com você, com amigos ou familiares. Depressão não é frescura, não é preguiça, não é corpo mole. Depressão é uma doença real, e só quem passa ou já passou por algo do tipo, sabe o quão difícil é lutar contra ela.

Rose

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Não é para o time que torcemos, mas para QUEM torcemos.

Nunca tive paixão por time nenhum. Meu pai que teoricamente seria a pessoa a me envolver nesse tipo de paixão futebolística, nunca assistia a uma partida de futebol. Depois vieram os namorados e eu, com a mania tosca de me enlaçar no outro, acabava adotando os seus respectivos times. Já fui palmeirense a flamenguista, tudo para fazê-los feliz. Atualmente, o único garoto da minha vida é o meu filho, e é mais que esperado que eu escolha o seu time para chamar de meu. Mas é uma coisa tão superficial que se você me perguntasse quem joga nesse time, eu não saberia dizer sequer o nome de um jogador.

Meu filho joga profissionalmente e eu evito as partidas por motivos óbvios: Eu esqueceria que a criatura chutando as canelas do meu filho é apenas uma criança. A sua paixão por futebol, por seu time, me faz refletir sobre os jogadores. Afinal não torcemos por um time, mas por alguns homens, muitas vezes, oriundos de uma vida difícil e sem infra-estrutura psicológica. É sabido que o futebol é um esporte nascido no seio da periferia e seus operários estão pouco munidos de ginga moral - Não que isso seja determinante e uma verdade indissolúvel. Há os honestos, os ricos de bom caráter! Já pedi para não gastarem seus dedinhos dizendo que O Kaká ou o Lúcio são diferentes. Exceções existem e eu fico verdadeiramente feliz por isso.

Quando o meu filho vibra com sua bandeira e usa suas cores, esses jogadores engordam suas contas e o que fazer com um belo salário de 200 mil mensal para quem não fazia as refeições básicas diárias? Sobe à cabeça. Você não sabe onde enfiar a grana toda. E enfia em coisas que pareciam inalcançáveis, como sexo fácil, carros incríveis, drogas ou lazeres. Sempre digo que é fácil ser um bom caráter quando não há uma grana rebolando bem diante de você. E como é fácil ser fiel se ninguém repara nos seus dotes, além do seu parceiro. É fácil julgar as pessoas sobre seus erros se você nunca esteve aprisionado no mesmo cubículo.

E para quem torcemos? Para que homens com ginga no pé tenham mais grana para alimentar seus anseios outrora reprimidos. Filhos são feitos a esmo. Pensões são recebidas e o amor paterno negligenciado. Às vezes me pergunto se torcemos mesmo por um time ou para que ronaldinhas encham o mundo de novas crianças. E, nessa altura do campeonato, vocês devem achar que o caso Eliza foi que me inspirou a escrever esse texto. Nem tanto. Romário, Adriano, Wagner Love, Ronaldo e uns outros que não me recordo agora conseguem engrossar o caldo do que foi dito acima.

E que não se exima o mau-caratismo das Elizas da vida. Tampouco a monstruosidade do Bruno.

Neymar é a nova promessa das páginas policiais. Quem duvida?


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* E se o jogador muda de time, Zin? A gente torce é pelo time! - Me poupem de comentários assim!

domingo, 1 de agosto de 2010

Príncipe Encantado Syndrome.

A Disney me fez acreditar em príncipes encantados, processo por danos morais?

Fiz esse comentário outro dia com uma amiga e ela concordou comigo, deveríamos todas processar a Disney por danos morais e quase, físicos! Acabaríamos todas ricas, mal amadas e ricas!

Quantos psicólogos você teve que ir, quantos shots de tequila você teve que tomar, engov, potes de sorvete... Vixi, é uma lista gigantesca de despesas.

Comecei a ver alguns vídeos no Youtube e fui percebendo a personalidade de cada príncipe e o tanto de ilusão que é enfiado na cabeça de uma criança que, ainda não sabe filtrar ficção da realidade e acredita que existam homens limpos e delicados cavalgando cavalos brancos. Ah, além da falta de trilha sonora na vida da gente que também não é fácil.

Bom, aí vão algumas conclusões:

Síndrome de Aladin



É todo montado no charme de “pobretão de bom coração”. Ele tem os “moves”, o sorrisinho, a olhada de canto de olho, o topete, o macaco... Aladin é o cara que sabe o que está fazendo e sabe o que vai fazer com você. Quantos caras desses você já não conheceu? Encantadores de menininhas, fazendo a linha “me garanto”? A diferença, para a vida real, que desnorteia a cabeça de adolescentes desavisadas? Ele presta! O Aladin casa com a mulher lá, ele leva ela pra dar um rolê de tapete cacete! E o seu príncipe charmosão, te chama pra ver esfinge ou para um motel de quinta?

Uma lembradinha: http://www.youtube.com/watch?v=uVqoYyJGOco

Síndrome da Fera




Taí um caso bem clássico de inversão de valores. É tudo muito simples; na ficção, o cara é monstro e vira príncipe, na vida real, o cara é príncipe e vira monstro. Tem também aquela coisa de se apaixonar por um homem ,mesmo ele sendo "o cão", só porque ele mandou cozinharem pra você e te tirou pra dançar. E tem mais uma coisa, na vida real se você não tem amigos gays para te ajudarem na conquista, não vão ser os utensílios da casa que vão fazer o trabalho, fica a dica.

Uma lembradinha: http://www.youtube.com/watch?v=3MAhtpxNmnQ

Síndrome de Eric



Outro charmosão, o que, particularmente, me causou mais danos. Ele age como quem não quer nada, faz o bobão a procura do grande amor. Conhece a mulher, não pergunta o nome dela e se apaixona. Ele tem um momento meio #fail onde quase casa com a bruxa, mas abafa, isso só vai acontecer se você fizer um trato e perder sua voz. De resto, tudebão esse homem. Apaixonado decidido, aventureiro, mas tranquilo ao mesmo tempo, tem mordomo, não mora com os pais, tem barco, gosta de cachorros e, enfim, peixes...

Agora, vai achar um nesse modelo que não seja garanhão? Ou, sei lá, um tiozão com crise de meia idade. Não tem! Mulheres, me escutem! Não tem! (e se eu achar um, não vou contar também).

Uma lembradinha: http://www.youtube.com/watch?v=9cVUNN56VIY

Síndrome de Hércules



Não é todo bombadinho de academia que tem o charme do fofíssimo Hércules, até porque ele não usa regata, correntinha no pescoço e ouve pagode. E não, ele não vai usar os músculos dele, nem a força fenomenal para enfrentar nenhum bicho com mais de uma cabeça pra te conquistar. Talvez ele mate um pombo, pra te comer, mas não espere muito mais do que isso. Bobo alegre, bonzinho, apaixonado, corajoso e imortal. Já viu? Nem eu. E aí, vai um passeio de Pégasos ou de motoca?

Uma lembradinha: http://www.youtube.com/watch?v=qRCteeZTrjE

Síndrome dos Príncipes sem Nome




Pois é, gente, para quem ainda não tinha percebido, os príncipes da Cinderela e da Branca de Neve não têm nem nome. As meninas que sofrem dessa síndrome normalmente acabaram virando lésbicas, afinal, nenhum homem nesse mundo é tão sensível quando esses moços aí. É uma loucura de delicadeza. Eles matam dragões na maior classe, dançam, cantam, cavalgam, se vestem bem, são esbeltos e, enfim, gays.

Bom momento reflexivo para vocês e, resumindo: Quer magia? Namore um mágico!


Sigam!! @omerengue

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