
Começo aqui a terceira parte das Teses de Lutero, ou, como prefiro chamar, o que mais odeio em mim mesma e nas pessoas ao meu redor.
Dedico esse trecho novamente à Bruxa Beiçola, que, contrariando ordens médicas, seguirá um tratamento próprio para tentar se livrar do estresse: pagar um pay-per-view para assistir o time dela durante nove longos e tenebrosos meses tentar fazer alguma coisa minimamente estimulante no próximo campeonato brasileiro.
30) Pessoas que não sabem se comunicar
São aquelas pessoas que usam o Nextel e falam em qualquer ambiente, desde o mais público ao mais privado, como se fossem membros do BOPE (ou da ROTA, caso morem na cidade de São Paulo), prestes a invadir uma comunidade (ou uma favela).
Ou então aqueles que pensam que o celular não é um telefone, mas sim um megafone, pois gritam a plenos pulmões para se fazer entender.
Isso acontece porque, como há ainda pessoas que não posicionam corretamente o aparelho no ouvido, naturalmente não conseguem ouvir com clareza. Daí deduzem que o mesmo problema ocorre do outro lado da linha e, aí, soltam o verbo.
31) “Bom para mim, bom para você”
Trata-se daquelas pessoas que não se contentam em dar dicas e tentam impor as coisas que funcion(ar)am (nem) para elas. Para ficar em três exemplos, vamos ficar na Dieta, na Religião e nos Concursos Públicos.
a) Dieta: antes de soltar aquela pérola “você só não emagrece porque não quer”, as pessoas deveriam pensar que há diversos fatores além da preguiça a serem levados em conta: metabolismo, disponibilidade de horário e de renda para fazer academia, bem como ter condições para pagar os preços mais altos de alimentos orgânicos. Até mesmo sua situação profissional é importante, afinal, se fosse operador de tráfego aéreo, os passageiros sob meus cuidados não gostariam de saber da possibilidade de eu estar passando fome durante o meu trabalho.
b) Religião: quando alguém acena com a religião como a solução para os problemas da vida, isso me faz pensar em quanto os homens dizem para as mulheres das maravilhas de “seu pau mágico”. Assim como o pau mágico, a religião, por si só, não vai resolver automaticamente seus problemas do dia para a noite (ou, dependendo, da noite para o dia), até porque por trás, seja do pau mágico, seja da religião, há o fator humano.
c) Concursos Públicos: sou funcionária pública, satisfeita com a carreira, mas sei que preciso me policiar – e muito – para não ferir a sensibilidade alheia. Mas o pior acontece quando seus parentes, seus amigos e seus conhecidos, a partir de seu sucesso, tentam convencer seus entes queridos e demais pessoas. Aí você começa a ouvir o barulho do óleo fritando e a enxergar farpas nos olhos dessas pessoas toda vez que você estiver por perto, tudo isso por conta daqueles miseráveis que te utilizam como exemplo para os outros em seus argumentos em prol de um emprego estável. Ou quando pedem para você falar das vantagens da carreira pública. Aí você se sente como alguém que quer apresentar aquele seu (sua) amigo(a) bonitinho (a) para outra pessoa, que se sentirá ofendida por achar que você não acredita que ela possa encontrar a felicidade por méritos próprios.
32) Pessoas sem consciência social
São aquelas pessoas que se comportam como aqueles sites de pesquisas de preços. Olham algo seu e lhe perguntam o preço. Ou então mostram algo que compraram e lhes informam o quanto pagaram.
Até aí, é bom trocar dicas a respeito. Os problemas começam quando a pessoas faz essas perguntas só para ter a satisfação de lhe dizer que (em Nova Iorque) pagaram mais barato. E a pessoa não faz isso necessariamente para nos perturbar, isso ocorre inconscientemente quando, por exemplo, diz que pagou uma mixaria por um ingresso do Cirque de Soleil ou por um aparelho de celular que valha mais de quatro dígitos.
O triste é que isso pode acontecer a qualquer pessoa, a qualquer momento, à medida em que progride na vida.
33) Pseudoculto
Esse todos nós conhecemos. São aquelas pessoas que se consideram culturalmente diferenciadas, não seguem os gostos da maioria porque, dentre os diversos motivos ridículos que alegam, sempre consideraram as pessoas medíocres ou a sociedade sem salvação, ou passam a se achar diferenciadas, ou acreditam que precisam se diferenciar dos outros, só porque passaram em uma faculdade de ponta ou então conseguiram um emprego de prestígio.
É aquela interpretação quando se fala de cultura. Pessoalmente, não tem muito a ver a quantidade ou a qualidade das coisas que você lê ou escolhe assistir. Está bem mais relacionado com a capacidade de aplicar esse conhecimento para enriquecer sua própria vida. Contudo, há pessoas que vêem a cultura pelo lado da quantidade, e lêem tanto, tanto, que chegam em um ponto em que nem elas sabem se o que dizem ou o que pensam é uma idéia original ou se é uma coletânea de citações das tantas obras que leu.
E, nisso, perdem em objetividade, se comparadas a pessoas não tão letradas, mas com uma sólida experiência de campo, seja na vida profissional, social, amorosa...
34) A culpa disso tudo é ____________ (minha é que não é!)
Uma das coisas que mais incomodam é quando uma pessoa dá a uma coisa o poder que ela não tem e jamais terá. Por exemplo, dos absurdos que já ouvi, um dos maiores é que o “orkut é um destruidor de relacionamentos”.
Afinal, Orkut, Dinheiro, a amiga gostosa que deu em cima do seu (ex) namorado, o que for, são meros instrumentos que não têm eficácia por si só. O máximo que podemos dizer dessas coisas é que são catalisadores, pois eles só trazem à tona o que quer que qualquer pessoa já tenha de bom ou de podre consigo. E isso vai contra o que muitas pessoas pensam: que essas coisas te transformaram ou fulano para pior ou para melhor.
Podemos citar aquelas pessoas, sejam artistas, atletas, empresários de sucesso, até mesmo ganhadores de mega-senas acumuladas, que trocam as companheiros dos tempos de luta por “peitudas e popozudas”. Aí muitos falam que o sucesso subiu à cabeça, que o dinheiro é mesmo a raízes de todos os males. Não seria mais simples pensar que o sonho dessas pessoas era mesmo ter a mulher fútil desde o início e só estavam com aquela companheira enquanto não tinham ainda condições nem circunstâncias favoráveis para dar o pé na bunda delas?
Ou então aquelas pessoas que repetem, como um vinil riscado, que fulano acabou com a vida dela. Ora, não subestime sua própria capacidade de destruição, até porque esse fulano invariavelmente é a materialização ou a conseqüência do conjunto de suas deficiências e de más escolhas ao longo dos anos, ainda mais quando, por mais mal tratada que a pessoa esteja sendo, não consegue largar de quem esmaga diariamente sua auto-estima.
35) Os choramingas
Adoro crianças, desde que sejam recém-nascidas, não sejam minhas ou que não estejam sob minha responsabilidade. Isso porque a única merda que elas fazem pára na fralda, que é descartável, e não precisamos lidar diretamente com ela.
Brincadeiras à parte, quantas vezes presenciamos pessoas, nós mesmos às vezes, cedendo aos caprichos de crianças para que elas parem com aquela birra toda que faz a coletividade nos olhar torto?
Pois é, essas crianças bem-sucedidas levam isso para a vida adulta, para nosso completo azar. Ora se transformam no(a) parceiro(a) ou namorado(a) grude, no cara que não consegue passar uma cantada, mas sim uma súplica, para que você faça sexo com ele, ou mesmo aquele amigo carente que quer sua companhia no mesmo estágio triste e patético em que ele mesmo se colocou.
Qualquer que seja o tipo de choramingas, ao passar dos anos, eles não se dão conta de que a consideração das pessoas têm uma relação inversa com a intensidade em que se utilizam dessas abordagens. Ou seja, essa consideração já foi para o ralo há muito tempo.
Eventualmente conseguem o que querem, não porque alguém finalmente se sensibilizou ou caiu no conto da carinha triste, mas sim por ter tido a sensibilidade de perceber nesses coitados o quanto se pode extrair deles, dando cada vez menos (ou coisa alguma) em troca. E os trouxas não se dão conta, em sua felicidade ilusória, que essa moeda de troca – assim como seu amor-próprio- está se deteriorando de forma irreversível.
36) Pessoas que não sabem comer
Os hábitos à mesa dos outros podem ser uma tortura. Desde aquela pessoa que tem aquela necessidade irresistível de terminar aquela piada sem graça mesmo quando mal começou a mastigar sua refeição, até aquelas pessoas que mostram seus dons artísticos à mesa.
Para esse tipo de pessoas, refeição não é apenas uma refeição. É uma aula de arte moderna, em que o prato é uma aquarela, a camisa é a tela, os talheres são o pincel e a comida é a tinta. Ainda mais quando há vinagre, azeite, molho madeira, molho de tomate, molho branco ou mesmo o sangue do churrasco, envolvidos.
37) Senhor Competição
É aquela classe de “cerumano” que tem sua rotina tomada quase que exclusivamente por atividades. Até aí, é bom, é ótimo, que a pessoa tenha interesses diversos e faça mais do seu tempo livre do que apenas enterrar-se no sofá e a eliminar excrementos ao longo do dia. E, de maneira geral, esses múltiplos interesses também são bons para a economia.
A questão aqui é que a pessoa adora falar dessa rotina apertada o tempo todo, ora para mostrar o quanto são produtivas e versáteis, ora, (in)conscientemente, para mostrar o quanto você é improdutivo e de mente estreita. E você fica sem saber o porquê dessa comparação.
Assim, por exemplo, se você tirou 8 numa prova, ela irá sorrir e dirá que tirou 10. Se você, em 10 minutos de esteira, correr dois quilômetros, ele dirá que correu três e irá criticar seu desempenho. Alguns chegam à paranóia de querer de te superar em aspectos negativos. Se você bateu o carro duas vezes, elas já deram perda total várias vezes e atropelaram alguém. Já ouvi gente dizer que é “mais fodida” na vida do que as outras com uma ponta de orgulho. Vai entender...
Longe de te incentivar, a pessoa faz isso com medo de ser superada em alguma coisa. E fica desesperada quando você ou qualquer outra pessoa se mostrar superior em algum aspecto. Por que fazem isso? Vai saber...
38) Pessoas que sempre tem o que falar...
Seja em casamentos, festas de família, qualquer evento social, sempre há aquela pessoa, parente, amigo, conhecido, o que for, que sente uma vontade imperiosa de proferir um discurso ou uma frase, quase sempre, inadequada e nem sempre por causa da embriaguez.
Infelizmente ocorre também em velórios e em enterros. Passei a noite com minha melhor amiga que velava o pai, e comecei a prestar atenção no que as pessoas diziam aos parentes em luto até a hora do enterro.
Além dos que, pelo nervosismo, trocavam os ‘meus pêsames” por “meus parabéns”, havia aqueles que, sem aquela proximidade com o morto nem com sua família (ou mesmo que falavam mal dele pelas costas), diziam: “Caso precisar de ajuda, ligue, peça qualquer coisa, está bem?”
Algum tempo depois essa minha amiga se lembrou disso e começou a dar risada. Disse que a melhor coisa era as pessoas ficarem simplesmente caladas e lhe darem um abraço, se tanto. E, diante daquela oferta de pedir qualquer coisa, ela disse que estava com vontade de ligar e pedir se ela poderia pegar emprestado o filho daquele casal que fez a oferta para uma noite de sexo...
39) Crença no sucesso pessoal a partir do material...
Ou seja, quantos de nós acreditam que as condições que valem para a vida profissional são totalmente transponíveis, e a pessoa poderá obter o mesmo nível de sucesso na vida pessoal?
Nisso, a pessoa escolhe suas amizades, seus parceiros, seus amores, como se estivessem seguindo um plano de negócios. E, quando se trata de conquistas, te escolhe como se fosse mais um mercado a ser incorporado a essas conquistas. A estratégia pode até ser válida, mas é preciso ter muito cuidado ao aplicá-la, pois, por exemplo, nada irrita mais uma mulher do que deixarem ela perceber que está sendo induzida, ao invés de seduzida, mesmo que ela já tenha alguma noção de que isso possa estar acontecendo.
E quando essas pessoas ouvem um ‘não’, ficam indignadas por esse revés, e correm atrás da pessoa que o rejeitou, para tentar reverter a situação, como se essa recusa fosse repercutir negativamente em sua reputação e em seu desempenho no trabalho.
Por outro lado, há outras pessoas que acreditam que suas qualidades possam lhe levar facilmente ao sucesso na vida amorosa. Por exemplo, acreditar que ser um bom ouvinte, um bom solucionador de problemas, dar bons conselhos a ponto de se transformar em um terapeuta amador, irá abrir o caminho junto à pessoa do seu interesse. Pode-se conseguir um certo sucesso com essa abordagem mas, com o passar do tempo, é mais provável que o sexo oposto cada vez mais associe você aos problemas deles, pelo fato de você sempre se dispuser a tentar resolvê-los, vendo-o muito mais como o conselheiro, e cada vez menos alguém com quem possa se divertir e ir para a cama.
40) Elogios “DDD”
Explicando, quando a pessoa vai te parabenizar por alguma conquista sua, ao invés de te louvar por sua dedicação, sua determinação e por sua diligência, ela prefere dizer que foi graças a Deus, ao seu DNA ou ao Destino.
a) Deus: até aí, até certo ponto, foi graças a Ele mesmo. Pois, enquanto você fez SUA parte, ele fez a DELE. Manteve sua saúde em ordem e não deixou acontecer alguma coisa que lhe atrapalhasse na busca de seus objetivos, o que não é pouco. Mas muitos acham que as conquistas de vocês foram exclusivamente graças a Ele. E, pior ainda, através das orações que essas pessoas fizeram em seus templos ou as promessas que fizeram aos santos de sua preferência. Nisso, mesmo sendo uma promessa deles e não sua, para não desagradar essas pessoas, você retribui o gesto. Quando passei no vestibular este ano, para não desagradar meu tio, que havia orado sete semanas seguidas em sua igreja, fui lá assistir um culto. Acabei presenteada com uma lavagem cerebral de quatro horas, encerrada perto da meia-noite. Havia de tudo, até ex-vocalista de banda de axé querendo relançar sua carreira às custas dos crentes (vale um depoimento à parte).
b) Destino: a pessoa diz que, qualquer que seja sua vitória, sua conquista, ela ocorreu por sorte ou, pior, porque você é uma ‘pessoa boa’. Olha, como gostaríamos que o mundo fosse maniqueísta, com uma fácil distinção entre o bem e o mal. Se “karma” fosse algo preponderante, viraria kardecista ou hare krishna na hora. Olho ao redor e vejo tanto pessoas desprezíveis conseguindo muito mais sucesso quanto pessoas decentes, muito melhores do que eu, passando aperto após aperto na vida. Lembro nessas horas, de uma amiga, com que passei dois anos estudando para concursos. Ela me deu dicas valiosas, indicou cursos, dividiu materiais, além de me incentivar. Enfim, recebi muito mais ajuda dela do que ela de mim. No fim, só eu passei, e fiquei por um bom tempo com aquele complexo de ter sido a ‘única sobrevivente’.
c) DNA: essa é a pior da série. Dá vontade de jogar a pessoa pela janela. A pessoa diz que, só mesmo uma pessoa inteligente, superior intelectualmente, como você, para conseguir alcançar o que você não conseguiu. Mas, muitas vezes, o que querem dizer nas entrelinhas é: “Só um(a) louco(a) como você, que não bebe, dorme cedo, não fuma, não vai à balada, não fode nem fica, para topar esses desafios. Eu vou é viver”. Você ouve muito isso de pessoas mais velhas, que falam uma versão mais suave: “A Suellen sempre foi um exemplo, uma menina estudiosa, não saía de casa, mas a Shirley sempre foi mais saideira mesmo”. Quando ouvimos esse tipo de elogios, só nos resta sorrir amarelo. Se alguém persistir nessas idéias junto a você, diga que se considera normal, e que a pessoa não precisa se colocar em um patamar inferior, até porque o que quer que você tenha feito para merecer esse reconhecimento, é algo efêmero e ao alcance (da disposição) de cada um.
Dedico esse trecho novamente à Bruxa Beiçola, que, contrariando ordens médicas, seguirá um tratamento próprio para tentar se livrar do estresse: pagar um pay-per-view para assistir o time dela durante nove longos e tenebrosos meses tentar fazer alguma coisa minimamente estimulante no próximo campeonato brasileiro.
30) Pessoas que não sabem se comunicar
São aquelas pessoas que usam o Nextel e falam em qualquer ambiente, desde o mais público ao mais privado, como se fossem membros do BOPE (ou da ROTA, caso morem na cidade de São Paulo), prestes a invadir uma comunidade (ou uma favela).
Ou então aqueles que pensam que o celular não é um telefone, mas sim um megafone, pois gritam a plenos pulmões para se fazer entender.
Isso acontece porque, como há ainda pessoas que não posicionam corretamente o aparelho no ouvido, naturalmente não conseguem ouvir com clareza. Daí deduzem que o mesmo problema ocorre do outro lado da linha e, aí, soltam o verbo.
31) “Bom para mim, bom para você”
Trata-se daquelas pessoas que não se contentam em dar dicas e tentam impor as coisas que funcion(ar)am (nem) para elas. Para ficar em três exemplos, vamos ficar na Dieta, na Religião e nos Concursos Públicos.
a) Dieta: antes de soltar aquela pérola “você só não emagrece porque não quer”, as pessoas deveriam pensar que há diversos fatores além da preguiça a serem levados em conta: metabolismo, disponibilidade de horário e de renda para fazer academia, bem como ter condições para pagar os preços mais altos de alimentos orgânicos. Até mesmo sua situação profissional é importante, afinal, se fosse operador de tráfego aéreo, os passageiros sob meus cuidados não gostariam de saber da possibilidade de eu estar passando fome durante o meu trabalho.
b) Religião: quando alguém acena com a religião como a solução para os problemas da vida, isso me faz pensar em quanto os homens dizem para as mulheres das maravilhas de “seu pau mágico”. Assim como o pau mágico, a religião, por si só, não vai resolver automaticamente seus problemas do dia para a noite (ou, dependendo, da noite para o dia), até porque por trás, seja do pau mágico, seja da religião, há o fator humano.
c) Concursos Públicos: sou funcionária pública, satisfeita com a carreira, mas sei que preciso me policiar – e muito – para não ferir a sensibilidade alheia. Mas o pior acontece quando seus parentes, seus amigos e seus conhecidos, a partir de seu sucesso, tentam convencer seus entes queridos e demais pessoas. Aí você começa a ouvir o barulho do óleo fritando e a enxergar farpas nos olhos dessas pessoas toda vez que você estiver por perto, tudo isso por conta daqueles miseráveis que te utilizam como exemplo para os outros em seus argumentos em prol de um emprego estável. Ou quando pedem para você falar das vantagens da carreira pública. Aí você se sente como alguém que quer apresentar aquele seu (sua) amigo(a) bonitinho (a) para outra pessoa, que se sentirá ofendida por achar que você não acredita que ela possa encontrar a felicidade por méritos próprios.
32) Pessoas sem consciência social
São aquelas pessoas que se comportam como aqueles sites de pesquisas de preços. Olham algo seu e lhe perguntam o preço. Ou então mostram algo que compraram e lhes informam o quanto pagaram.
Até aí, é bom trocar dicas a respeito. Os problemas começam quando a pessoas faz essas perguntas só para ter a satisfação de lhe dizer que (em Nova Iorque) pagaram mais barato. E a pessoa não faz isso necessariamente para nos perturbar, isso ocorre inconscientemente quando, por exemplo, diz que pagou uma mixaria por um ingresso do Cirque de Soleil ou por um aparelho de celular que valha mais de quatro dígitos.
O triste é que isso pode acontecer a qualquer pessoa, a qualquer momento, à medida em que progride na vida.
33) Pseudoculto
Esse todos nós conhecemos. São aquelas pessoas que se consideram culturalmente diferenciadas, não seguem os gostos da maioria porque, dentre os diversos motivos ridículos que alegam, sempre consideraram as pessoas medíocres ou a sociedade sem salvação, ou passam a se achar diferenciadas, ou acreditam que precisam se diferenciar dos outros, só porque passaram em uma faculdade de ponta ou então conseguiram um emprego de prestígio.
É aquela interpretação quando se fala de cultura. Pessoalmente, não tem muito a ver a quantidade ou a qualidade das coisas que você lê ou escolhe assistir. Está bem mais relacionado com a capacidade de aplicar esse conhecimento para enriquecer sua própria vida. Contudo, há pessoas que vêem a cultura pelo lado da quantidade, e lêem tanto, tanto, que chegam em um ponto em que nem elas sabem se o que dizem ou o que pensam é uma idéia original ou se é uma coletânea de citações das tantas obras que leu.
E, nisso, perdem em objetividade, se comparadas a pessoas não tão letradas, mas com uma sólida experiência de campo, seja na vida profissional, social, amorosa...
34) A culpa disso tudo é ____________ (minha é que não é!)
Uma das coisas que mais incomodam é quando uma pessoa dá a uma coisa o poder que ela não tem e jamais terá. Por exemplo, dos absurdos que já ouvi, um dos maiores é que o “orkut é um destruidor de relacionamentos”.
Afinal, Orkut, Dinheiro, a amiga gostosa que deu em cima do seu (ex) namorado, o que for, são meros instrumentos que não têm eficácia por si só. O máximo que podemos dizer dessas coisas é que são catalisadores, pois eles só trazem à tona o que quer que qualquer pessoa já tenha de bom ou de podre consigo. E isso vai contra o que muitas pessoas pensam: que essas coisas te transformaram ou fulano para pior ou para melhor.
Podemos citar aquelas pessoas, sejam artistas, atletas, empresários de sucesso, até mesmo ganhadores de mega-senas acumuladas, que trocam as companheiros dos tempos de luta por “peitudas e popozudas”. Aí muitos falam que o sucesso subiu à cabeça, que o dinheiro é mesmo a raízes de todos os males. Não seria mais simples pensar que o sonho dessas pessoas era mesmo ter a mulher fútil desde o início e só estavam com aquela companheira enquanto não tinham ainda condições nem circunstâncias favoráveis para dar o pé na bunda delas?
Ou então aquelas pessoas que repetem, como um vinil riscado, que fulano acabou com a vida dela. Ora, não subestime sua própria capacidade de destruição, até porque esse fulano invariavelmente é a materialização ou a conseqüência do conjunto de suas deficiências e de más escolhas ao longo dos anos, ainda mais quando, por mais mal tratada que a pessoa esteja sendo, não consegue largar de quem esmaga diariamente sua auto-estima.
35) Os choramingas
Adoro crianças, desde que sejam recém-nascidas, não sejam minhas ou que não estejam sob minha responsabilidade. Isso porque a única merda que elas fazem pára na fralda, que é descartável, e não precisamos lidar diretamente com ela.
Brincadeiras à parte, quantas vezes presenciamos pessoas, nós mesmos às vezes, cedendo aos caprichos de crianças para que elas parem com aquela birra toda que faz a coletividade nos olhar torto?
Pois é, essas crianças bem-sucedidas levam isso para a vida adulta, para nosso completo azar. Ora se transformam no(a) parceiro(a) ou namorado(a) grude, no cara que não consegue passar uma cantada, mas sim uma súplica, para que você faça sexo com ele, ou mesmo aquele amigo carente que quer sua companhia no mesmo estágio triste e patético em que ele mesmo se colocou.
Qualquer que seja o tipo de choramingas, ao passar dos anos, eles não se dão conta de que a consideração das pessoas têm uma relação inversa com a intensidade em que se utilizam dessas abordagens. Ou seja, essa consideração já foi para o ralo há muito tempo.
Eventualmente conseguem o que querem, não porque alguém finalmente se sensibilizou ou caiu no conto da carinha triste, mas sim por ter tido a sensibilidade de perceber nesses coitados o quanto se pode extrair deles, dando cada vez menos (ou coisa alguma) em troca. E os trouxas não se dão conta, em sua felicidade ilusória, que essa moeda de troca – assim como seu amor-próprio- está se deteriorando de forma irreversível.
36) Pessoas que não sabem comer
Os hábitos à mesa dos outros podem ser uma tortura. Desde aquela pessoa que tem aquela necessidade irresistível de terminar aquela piada sem graça mesmo quando mal começou a mastigar sua refeição, até aquelas pessoas que mostram seus dons artísticos à mesa.
Para esse tipo de pessoas, refeição não é apenas uma refeição. É uma aula de arte moderna, em que o prato é uma aquarela, a camisa é a tela, os talheres são o pincel e a comida é a tinta. Ainda mais quando há vinagre, azeite, molho madeira, molho de tomate, molho branco ou mesmo o sangue do churrasco, envolvidos.
37) Senhor Competição
É aquela classe de “cerumano” que tem sua rotina tomada quase que exclusivamente por atividades. Até aí, é bom, é ótimo, que a pessoa tenha interesses diversos e faça mais do seu tempo livre do que apenas enterrar-se no sofá e a eliminar excrementos ao longo do dia. E, de maneira geral, esses múltiplos interesses também são bons para a economia.
A questão aqui é que a pessoa adora falar dessa rotina apertada o tempo todo, ora para mostrar o quanto são produtivas e versáteis, ora, (in)conscientemente, para mostrar o quanto você é improdutivo e de mente estreita. E você fica sem saber o porquê dessa comparação.
Assim, por exemplo, se você tirou 8 numa prova, ela irá sorrir e dirá que tirou 10. Se você, em 10 minutos de esteira, correr dois quilômetros, ele dirá que correu três e irá criticar seu desempenho. Alguns chegam à paranóia de querer de te superar em aspectos negativos. Se você bateu o carro duas vezes, elas já deram perda total várias vezes e atropelaram alguém. Já ouvi gente dizer que é “mais fodida” na vida do que as outras com uma ponta de orgulho. Vai entender...
Longe de te incentivar, a pessoa faz isso com medo de ser superada em alguma coisa. E fica desesperada quando você ou qualquer outra pessoa se mostrar superior em algum aspecto. Por que fazem isso? Vai saber...
38) Pessoas que sempre tem o que falar...
Seja em casamentos, festas de família, qualquer evento social, sempre há aquela pessoa, parente, amigo, conhecido, o que for, que sente uma vontade imperiosa de proferir um discurso ou uma frase, quase sempre, inadequada e nem sempre por causa da embriaguez.
Infelizmente ocorre também em velórios e em enterros. Passei a noite com minha melhor amiga que velava o pai, e comecei a prestar atenção no que as pessoas diziam aos parentes em luto até a hora do enterro.
Além dos que, pelo nervosismo, trocavam os ‘meus pêsames” por “meus parabéns”, havia aqueles que, sem aquela proximidade com o morto nem com sua família (ou mesmo que falavam mal dele pelas costas), diziam: “Caso precisar de ajuda, ligue, peça qualquer coisa, está bem?”
Algum tempo depois essa minha amiga se lembrou disso e começou a dar risada. Disse que a melhor coisa era as pessoas ficarem simplesmente caladas e lhe darem um abraço, se tanto. E, diante daquela oferta de pedir qualquer coisa, ela disse que estava com vontade de ligar e pedir se ela poderia pegar emprestado o filho daquele casal que fez a oferta para uma noite de sexo...
39) Crença no sucesso pessoal a partir do material...
Ou seja, quantos de nós acreditam que as condições que valem para a vida profissional são totalmente transponíveis, e a pessoa poderá obter o mesmo nível de sucesso na vida pessoal?
Nisso, a pessoa escolhe suas amizades, seus parceiros, seus amores, como se estivessem seguindo um plano de negócios. E, quando se trata de conquistas, te escolhe como se fosse mais um mercado a ser incorporado a essas conquistas. A estratégia pode até ser válida, mas é preciso ter muito cuidado ao aplicá-la, pois, por exemplo, nada irrita mais uma mulher do que deixarem ela perceber que está sendo induzida, ao invés de seduzida, mesmo que ela já tenha alguma noção de que isso possa estar acontecendo.
E quando essas pessoas ouvem um ‘não’, ficam indignadas por esse revés, e correm atrás da pessoa que o rejeitou, para tentar reverter a situação, como se essa recusa fosse repercutir negativamente em sua reputação e em seu desempenho no trabalho.
Por outro lado, há outras pessoas que acreditam que suas qualidades possam lhe levar facilmente ao sucesso na vida amorosa. Por exemplo, acreditar que ser um bom ouvinte, um bom solucionador de problemas, dar bons conselhos a ponto de se transformar em um terapeuta amador, irá abrir o caminho junto à pessoa do seu interesse. Pode-se conseguir um certo sucesso com essa abordagem mas, com o passar do tempo, é mais provável que o sexo oposto cada vez mais associe você aos problemas deles, pelo fato de você sempre se dispuser a tentar resolvê-los, vendo-o muito mais como o conselheiro, e cada vez menos alguém com quem possa se divertir e ir para a cama.
40) Elogios “DDD”
Explicando, quando a pessoa vai te parabenizar por alguma conquista sua, ao invés de te louvar por sua dedicação, sua determinação e por sua diligência, ela prefere dizer que foi graças a Deus, ao seu DNA ou ao Destino.
a) Deus: até aí, até certo ponto, foi graças a Ele mesmo. Pois, enquanto você fez SUA parte, ele fez a DELE. Manteve sua saúde em ordem e não deixou acontecer alguma coisa que lhe atrapalhasse na busca de seus objetivos, o que não é pouco. Mas muitos acham que as conquistas de vocês foram exclusivamente graças a Ele. E, pior ainda, através das orações que essas pessoas fizeram em seus templos ou as promessas que fizeram aos santos de sua preferência. Nisso, mesmo sendo uma promessa deles e não sua, para não desagradar essas pessoas, você retribui o gesto. Quando passei no vestibular este ano, para não desagradar meu tio, que havia orado sete semanas seguidas em sua igreja, fui lá assistir um culto. Acabei presenteada com uma lavagem cerebral de quatro horas, encerrada perto da meia-noite. Havia de tudo, até ex-vocalista de banda de axé querendo relançar sua carreira às custas dos crentes (vale um depoimento à parte).
b) Destino: a pessoa diz que, qualquer que seja sua vitória, sua conquista, ela ocorreu por sorte ou, pior, porque você é uma ‘pessoa boa’. Olha, como gostaríamos que o mundo fosse maniqueísta, com uma fácil distinção entre o bem e o mal. Se “karma” fosse algo preponderante, viraria kardecista ou hare krishna na hora. Olho ao redor e vejo tanto pessoas desprezíveis conseguindo muito mais sucesso quanto pessoas decentes, muito melhores do que eu, passando aperto após aperto na vida. Lembro nessas horas, de uma amiga, com que passei dois anos estudando para concursos. Ela me deu dicas valiosas, indicou cursos, dividiu materiais, além de me incentivar. Enfim, recebi muito mais ajuda dela do que ela de mim. No fim, só eu passei, e fiquei por um bom tempo com aquele complexo de ter sido a ‘única sobrevivente’.
c) DNA: essa é a pior da série. Dá vontade de jogar a pessoa pela janela. A pessoa diz que, só mesmo uma pessoa inteligente, superior intelectualmente, como você, para conseguir alcançar o que você não conseguiu. Mas, muitas vezes, o que querem dizer nas entrelinhas é: “Só um(a) louco(a) como você, que não bebe, dorme cedo, não fuma, não vai à balada, não fode nem fica, para topar esses desafios. Eu vou é viver”. Você ouve muito isso de pessoas mais velhas, que falam uma versão mais suave: “A Suellen sempre foi um exemplo, uma menina estudiosa, não saía de casa, mas a Shirley sempre foi mais saideira mesmo”. Quando ouvimos esse tipo de elogios, só nos resta sorrir amarelo. Se alguém persistir nessas idéias junto a você, diga que se considera normal, e que a pessoa não precisa se colocar em um patamar inferior, até porque o que quer que você tenha feito para merecer esse reconhecimento, é algo efêmero e ao alcance (da disposição) de cada um.
Leiam também:
Teses de Lutero, parte 1.
Teses de Lutero, parte 2.
Suellen
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