Bem, eu sei que é um tema pesado para começar meus textos no CF, mas é o que está em minha mente no momento.
Eu tenho um jeito bem peculiar de lidar com a morte e por isso, muitas vezes, as pessoas erroneamente me julgam fria. Não é isso. Geralmente prefiro o silêncio a chorar ou até mesmo a conversar. Não há muito o que se dizer nessas horas e há sentimentos que não podem ser traduzidos em palavras. Também não gosto de velórios; acho desagradável e estranho expor a pessoa dessa forma.
Meu modo de lidar com o luto depende principalmente das circunstâncias da morte.
Um acidente, uma imprudência de alguém e/ou de qualquer outra forma inesperada - especialmente se a pessoa for saudável e jovem demais para morrer -, simplesmente me deixa inconformada pelo resto da vida! Para citar 2 exemplos famosos [afim de facilitar a compreenssão]: eu nunca aceitei o que aconteceu a Ayrton Senna e Lady Di. Ao ponto que nunca mais assisti uma corrida de F1 [eu era fissurada] e tenho verdadeiro ASCO a paparazzi. Não os considero como 'colegas de profissão' e terminantemente me recuso a ter qualquer tipo de contato.
Porém, quando trata-se de uma morte que já poderia ser esperada, para a qual meu espírito já vinha sendo preparado há algum tempo, eu tenho facilidade em aceitar. Por exemplo, quando a pessoa já está internada com doença grave há muito tempo. Nestes casos minha tendência é de aceitar e me conformar rapidamente.
Explico: não é que eu não sentirei saudades da pessoa e que não me entristecerei ao saber que nunca mais nos veremos e nem conversaremos, mas acho que seria um enorme egoísmo querer prolongar o sofrimento de alguém para que nós não soframos. Assim, quando alguém neste estado falece, de certa forma é aliviante, pois sei que a pessoa poderá finalmente descansar em paz.
Eu não sei - e no fundo ninguém sabe, só imaginam e especulam - o que acontece depois, mas creio que seja melhor do que passar a vida preso a uma cama, sentindo dores horríveis e/ou vegetando.Nsses casos, as pessoas estranham meu comportamento, pois meu humor muda pouco, exceto por ficar mais calada. Porém, os sinais da minha dor e tristeza estão lá, para quem souber percebê-los.
Quando meu avô faleceu, há 1 ano e meio, durante o velório fiquei andando do lado de fora, meio perdida, até que meu primo chegou e me abraçou e ficamos assim por algum tempo. Foi o suficiente para me acalmar. Sem a necessidade de dizer palavra alguma. Nos dias que se seguiram eu não falei sobre o meu avô e muito menos sua doença, embora as pessoas insistissem. Depois, com o tempo, aos poucos voltei a falar dele, apenas das boas lembraças, sempre com alegria... Pois é assim que gosto de lembrar das pessoas queridas, não com tristeza e a amargura.O grande problema, entretanto, é que eu não sei lidar com o luto alheio. Nos últimos anos muitas pessoas faleceram entre parentes, parentes de amigos e famosos. E eu nunca sei o que fazer, o que dizer, como reagir. Pois cada pessoa tem seu próprio jeito de lidar com isso e seu próprio tempo de luto. Depende muito também, é claro, do grau de proximidade e do tamanho da consideração e admiração que se tinha pela pessoa. E como sou constantemente vítima de más interpretações é comum que as pessoas enxerguem a minha aceitação como indiferença. O que acontece é que, além dos motivos já citados, acho que não devemos parar nossa vida, estacioná-la, por conta do luto. Tenho certeza que se a pessoa em questão nos queria bem não iria gostar de ver-nos assim. O melhor que podemos fazer por nossos entes queridos é continuar sendo nós mesmos e nos lembrarmos deles com carinho e um pouco de nostalgia.
___________________________
No post anterior esqueci de dizer algumas coisinhas: a primeira é que não estranhem se eu citar trecho de filmes, livros e músicas para ilustrar o que estou querendo dizer. Faço isso com frequência.
A outra coisa é que também tenho um blog pessoal: http://pereus.blogspot.com/ onde eu falo sobre as coisas que gosto.
E, por fim, meu e-mail do CF é: cris@corporativismofeminino.com
Até a próxima...
Gostei muito do texto e penso do mesmo jeito!
ResponderExcluirCris, assino embaixo de TUDINHO que você disse. evito velórios e até cemitério, as pessoas não acreditam que não é por medo, mas não é mesmo. Não tenho medo, mas acho que o amor e respeito que temos pelas pessoas tem que ser demonstrado EM VIDA, ora essa.
ResponderExcluirMinha avó morreu há 3 anos, quando já vivia há mais de 10 em cima de uma cama, sem andar, falar, dependendo de cuidados para tudo. Não dá pra lamentar uma morte assim, ela aguentou muito tempo, foi descansar.
Enfim..assunto delicado mesmo, as pessoas sempre interpretam mal.
Perder alguém é muito dificil e quando esse alguém é muito próximo fica impossível de superar. Eu entendo que o luto é uma forma de homenagem, respeito, a gente se resguarda por um tempo de forma a lembrar daqueles que já não estão mais entre nós, luto não é saudade, saudade é pra toda vida. Nunca perdi alguém tão próximo de mim, então não posso dizer com propriedade sobre o assunto, mas acredito que algumas pessoas prolongam o luto por culpa, acham errado continuar vivendo e sendo felizes, sendo que aquela pessoa tão especial se foi e não poderá mais fazer isso. Então deixam de viver normalmente como se isso fosse errado. Acho que é preciso se perdoar quando alguém querido morre, pois afinal não é nosso direito escolher quem vive e quem não, a morte é uma coisa natural, embora doa muito.
ResponderExcluirEu também não entendo como algumas pessoas podem sofrer tanto, pois eu não sinto a morte dessa forma, acho que sou meio como você, vou até mais longe, eu me preparo pra morte, fico pensando como seria, como eu agiria se alguém próximo morresse, sei que não vai ser como minha imaginação, mas pelo menos vou estar um pouco mais preparada, tavez?! não sei...
Engraçado, eu ainda não sei bem como lidar com a morte. Apenas a minha vó morreu no ano passado e meu choro, no velório, não foi por ela. Foi pela minha tia que ficaria aqui sozinha e sofreria muito. E foi o que ocorreu.
ResponderExcluirNão enxergo a morte como uma coisa tão ruim assim... Como sou espírita, tenho a convicção de que as coisas lá são melhores, temos mais clareza mental e somos amparados.
Mas, enfim. Muito bom o texto e concordo com a Cris.
Beijos.
Concordo com voce no que diz respeito à individualidade do luto. Cada um sofre à sua maneira e devemos ser muito cautelosos ao lidar com isso.
ResponderExcluirMeu pai faleceu há 7 anos, vítima de câncer. Porém, não me interessam os sofrimentos...lembro dele sempre com alegria e falo com o entusiasmo de quem vai encontra-lo depois da proxima esquina.
Tenho certo receio de perder as pessoas que eu amo, porque não é facil. Mas tenho um ponto de vista muito parecido com o seu..Acho a morte uma coisa natural(não as tragédias, claro), um ciclo que cedo ou tarde todos seguiremos.
Belo texto.
Beijinhos.
Perdi meu irmão mais velho aos 12 anos de idade. Foi uma perda árdua, pois foi bruscamente num acidente e quando ele ainda tinha míseros 16 anos.
ResponderExcluirMinha mãe depois de alguns anos resolveu adotar uma criança (eu era filha única até então) e essa atitude conseguiu ergue-la novamente.
Admiro muito minha mãe por isso. Eu viraria farrapo se perdesse um dia meu filho, ainda mais tão jovem quanto o seu.
Não sou boa com histórias de luto. Se penso na morte da minha mãe e do meu filho adoeço, mesmo que seja só imaginação.