quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sobre meu pai



Nunca falei dele em um ano de blog, que relapsa. Em uma semana morando com ele - e muito querendo voltar pra minha casa, e pro meu quarto enorme e bem decorado, fato - descobri muito sobre ele e sobre mim mesma. Andamos da mesma forma na rua, com as mãos no bolso, parecendo uma xícara. Temos o dom de sermos auto-suficientes e não precisarmos das pessoas e de nos adaptarmos em situações adversas. E sim, ele é viciado em internet e tem lapsos de memória. Em 6 dias ele perdeu 4 papéis e um copo, e eu me vi rindo que nem retardada olhando pro tal copo sobre a mesa e ele PROCURANDO. Como se desse pra perder alguma coisa num apê studio.

Por outro lado percebi que passo muito tempo conectada e que posso administrar meu tempo fazendo outras coisas tipo ver TV, ou andar pelo centro da cidade. Não consigo plugar na internet com ele aqui, observado cada movimento meu, e este texto está sendo escrito num momento em que ele não se encontra em casa.

O fato dele ser tão auto-suficiente me irrita, e doeu enxergar a mim mesma quando olho para ele. Um tanto quanto isolado demais, solitário demais... Não que eu seja solitária, eu sou um ser falante e extrovertido, mas quando digo que não preciso de pessoas e que moraria muito bem numa ilha deserta contanto que tivesse um salão pra eu fazer os pés de 15 em 15 dias eu falo sério. Por outro lado, pessoas que não precisam de pessos são incompreendidas pelas pessoas 'EU PRECISO DE GENTE, PORRA!', somos mal vistos, parecemos gente mal educada ou paranóica ou com a sanidade mental afetada, o que nem sempre é verdade. Eu, convivendo com alguém como eu, entendi melhor "gente que precisa de gente". Tem horas que eu bem que preciso de gente, e to aqui vendo Caminho das Índias (argh, VOLTA MANOEL CARLOS!) simplesmente porque não tenho companhia, e minha única companhia está isolada em seu próprio mundo.

Vou ficar aqui mais um tempo, até ter ânimo de voltar a trabalhar e começarem as aulas, e também pra fazer um charme pra minha mãe a pessoa que mais precisa de gente no mundo todo, que eu sou ixperta. Mas sei que, quando voltar ao meu quarto enorme, muita coisa em mim terá mudado. Tentarei não ficar tanto no mundo maravilhoso e platinado da Heleninha, e partilhar mais do mundo dos outros. Ser ponderada, participar mais, trabalhar para melhorar o meu tempo e o que eu faço com ele. Eu posso fazer mais, e eu sei que faço muito pouco.


Estou orgulhosa de mim.


dicas, sugestões, como estou dirigindo?

11 comentários:

  1. Eu por duas vezes já fiquei meses sem falar com meu pai, o período mais longo foram 6, isso morando na mesma casa.
    Nós dois somos muito parecidos, sangue quente, explosivos... Anti-sociais ao extremo. Ingredientes para um conflito na certa.

    Mas após sair de casa, ver ele por mais de uma vez na UTI, hoje eu aturo ele e seu humor azedo.

    Curioso que eu não queria ser como ele, um sujeito que não consegue sair na rua sem arrumar confusão, com colegas, não amigos... Hoje sou o reflexo dele no espelho.

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  2. Eu não parece em nada com meu pai, acho. Mas eu não poderia pedir nada melhor nesse mundo. Vou até fazer um post sobre ele no dia dos pais.

    Ele precisa de gente, não é nada solitário. Eu sim viveria muito bem numa ilha deserta.

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  3. Não sei se como isso vai soar, mas me senti lendo o começo de "Crepúsculo", quando a Bella relata sua convivência com o Charlie. Bem parecido.

    Minha relação com o meu pai é estranha. A gente esteve do mesmo lado por muito tempo, quando minha mãe surtava e não havia um psiquiatra na vida dela. Por outro lado, não tem um dia sequer que a gente não grite um com o outro.
    Ele é a pessoa mais anti-social do universo, é sério. Cinema, show? Pff. Ele ama gastronomia, mas não sai mais de casa nem para ir ao restaurante. É tudo por delivery. Como não sou eu quem pago, belezera.

    Eu sou super independente. Também sou do clube "não preciso de gente", embora reconheça que a vida em uma ilha deserta seria meio tediosa.
    Mas, no geral, prefiro o meu jeito individualista de ser do que aquele povo carente de atenção, que não consegue ir ao banheiro sem ter companhia.

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  4. [off topic]
    Gente, é possível justificar o texto do comentário? Essa falta de alinhamento me dá nos nervos!

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  5. Acho que não, Ana. (Odeiooooooooo esse sistema do blogger, mas o haloscan não me ama mais, tivemos que ficar com esse mesmo)

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  6. Juro que eu nunca nem cheguei perto desse livro, embora me falem tanto dele q até me deu vontade de ler.
    Heleninha

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  7. É, Heleninha. Não sei como, mas imaginei.

    Só li para tentar me desapegar um pouco do meu vício por Harry Potter. Não deu muito certo. Hehe

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  8. Belo texto.
    Meu pai faleceu qdo eu tinha 11 anos, eu era e creio que ainda seria muito parecida com ele, um fato que por vezes não me agrada muito, pq tinha coisas na personalidade dele que hj eu abomino e tento ser diferente, tipo o meu pai tinha uma qualidade-defeituosa, era o tipo de cara bom, que era inocente, sua bondade era excessiva e as pessoas faziam dele um otário, por ser bom demais, meu pai era tipo um otário pra galera... Isso não quero ser igual, herdei a bondade que ele tinha mas controlo para não ser tbm uma palhaça pros outros.

    Bjs

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  9. BEM, EU SÓ DESCOBRI QUE ME PARECIA COM ELE QUANDO ELE JA NÃO PODIA OUVIR NADA.

    PS. EU TAMBÉM VIVERIA EM UMA ILHA. DESQUE QUE TIVESSE UMA GELADEIRA DA SKOL.

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  10. Eu pareço com meu pai FISICAMENTE, o resto, bem, eu costumo nem lembrar que tenho um...

    Foi importante a sua mudança de residência, eu sei disso. Para valorizar algumas coisas, para entender outras e para as relações ficarem saudosas (e assim valorizar tudo)!

    Morro de rir qdo vc diz no msn "Ele vai usar aqui!". hahaha

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  11. Tás dirigindo bem heleninha ;) mas não esquece que algumas quadras daí, tem outra kaps lock sempre pra ti hauahuaha

    pra andar na rua ou na net, sempre

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