terça-feira, 26 de maio de 2009

A felicidade do seu casamento pode depender da empregada

Você chega morrendo de fome, vai preparar algo para comer e nota que todas as panelas, todas as tábuas de cortar, todas as facas grandes e até mesmo todos os escorredores de macarrão estão sujos dentro da pia. Tentando ver a coisa pelo lado bom, você pensa “Ah, deixa pra lá, eu como algo mais simples. Pelo menos, meu marido se vira sozinho e não tenho que cozinhar pra ele, isso já é uma vantagem.”. Você, então, pega uma daquelas maravilhosas facas sem serra (já que as outras estão sujas) e vai cortar queijo. Quando abre o grill elétrico para esquentar o sanduíche que preparou, descobre-o completamente melecado de gordura. É... O donzelo andou fazendo mais um daqueles sanduíches que vazam recheio gorduroso por todos os lados e não limpou o grill, apesar de ter prometido que o faria. Pronto, você acabou de chegar à “bifurcação da morte”.

CAMINHO DA ESQUERDA: Se você reclama, ele diz que sempre limpa o grill e só essa vez ele não havia limpado AINDA. E o pior é que ele não está tentando fazer você de idiota, ele realmente acredita que não foi ele que deixou de limpar o grill, você é que chegou antes dele ter limpado (de fato, eventualmente, ele limparia... dali a três semanas, num sábado à tarde sem nada pra fazer, quando, no auge do tédio, ele resolvesse andar pela casa prestando atenção às coisas). Se você decide explicar, numa boa, que ele tem que limpar o grill logo depois de usar, ele começa a ficar puto porque você está “insistindo em implicar com bobagem injustamente” e responde que, às vezes, você também não faz tal coisa em casa. Você tenta recapitular quando foi que deixou de fazer a tal coisa e percebe que foi só em duas ocasiões: naquela semana louca em que você precisou trabalhar das 7:00 às 22:00 e quando você estava de cama, gripada. Agora você é que está puta, afinal, ele sim está sendo injusto! A raiva sobe enquanto você pensa “Como é que esse fdp ousa reclamar de quando não fiz as coisas porque estava doente ou me matando de trabalhar, enquanto ele não faz as coisas porque fica vendo televisão??!”. Pronto, nesse momento, o homem que você ama acabou de ser convertido a um cretino que você odeia e você vomita sobre ele as ofensas mais cruéis, aquelas que você sabe que mais o atingem. Ele revida com algumas ofensas também, mas nada capaz de atingir você profundamente. O problema é que ele fica extremamente magoado com tudo que você disse. Na cabeça dele, você está se transformando numa megera e ele não esperava isso de você, você não era assim com ele quando se conheceram e ele se decepciona com você. Com a briga, a relação ficou um pouquinho desgastada: você agora acha que ele tem um quê de cretino e ele acha que você tem um quê de megera. Repita esse caminho várias vezes e logo você o estará achando um cretino completo, ele estará achando você uma megera absoluta e o amor de vocês estará por um fio por causa de ridículas coisas de casa! 0_o

CAMINHO DA DIREITA: Já tendo percorrido o “caminho da esquerda” e percebido que era ruim, você resolve seguir pelo outro lado. Você pega o grill da discórdia e começa a limpá-lo calada e pacientemente, mesmo estando morrendo de fome. Depois, enquanto o sanduíche esquenta, você resolve lavar algumas das coisas que estão sujas dentro da pia, para poder usá-las na próxima vez em que for comer. Seu sanduíche fica pronto (sem ter vazado nada do recheio, claro), você dá uma mordida nele e, enquanto mastiga, olha a pia e pensa “Ah, já que comecei e passei da metade, vou terminar logo de lavar as coisas.” Coloca o sanduíche de lado e lava o resto daquela tralha que não foi você quem sujou. Mas, tudo bem, você se conforma lembrando-se de frases populares como “se quer alguma coisa, faça você mesmo”. Finalmente, você pega seu sanduíche e vai à sala terminar de comer. E lá está o donzelo, jogado no sofá, vendo TV. Ao se sentar, você pensa “Nossa, nem tinha percebido como estou cansada...”, e, por mais que você não queira, a esse pensamento emenda-se um “... e, enquanto eu lavava uma pia de louça, esse inútil ficou o tempo todo vendo televisão”. Embora você opte, novamente, por não criar um caso, você acumula certa má vontade em relação a ele. Na sua cabeça, o homem que você ama começa a se converter num imprestável que você despreza. Siga esse caminho habitualmente e a péssima combinação entre o seu repúdio à preguiça dele, o aumento do seu cansaço e a diminuição do seu tempo livre por você estar fazendo tudo sozinha fará você se distanciar cada vez mais do seu marido a relação irá se desgastando.

PASSANDO POR CIMA DO CANTEIRO CENTRAL: Vendo que nem a “esquerda” nem a “direita” eram boas, eu resolvi criar um caminho alternativo. Praticamente, deixo a casa cair. Como todo homem, ele não faz as coisas, eu também não. Adotei o modus operandi masculino: só lavo louça quando não há mais o que usar e lavo só aquilo de que preciso na hora; só coloco roupa pra lavar quando não temos mais o que vestir ... E, assim, vamos vivendo num chiqueiro. Obviamente, o “canteiro central” está longe de ser o caminho ideal, é cheio de “pedras, buracos e árvores” (que são o aspecto desagradável da casa, a vergonha de trazer visitas aqui, o fedor do lixo não tirado e da louça suja que criou mofo, a frequência com que perdemos coisas, etc.). Entretanto, eu acabei preferindo isso a passar por megera ou a me estressar fazendo tudo sozinha e guardando rancor por ele não fazer nada. Ele parece que nem se importa com o chiqueiro. E eu fico feliz por ainda não ter filhos, porque, com certeza, o trabalho todo também sobraria pra mim, sendo que o(a) moleque(ca) eu não poderia abandonar como fiz com a casa.

O CAMINHO IDEAL existe. Basta não pegar a estrada que leva à “bifurcação da morte”, ou seja, basta contratar alguém que cuide da casa, para você não ter de se preocupar com isso. No começo do meu casamento, uma peruona me disse que valia a pena pagar uma boa empregada mensalista, nem que você ficasse sem dinheiro para outras coisas. Eu não acreditei, achei que era frescura de perua que queria mais tempo pra fofocar no salão. Hoje eu acredito, mas estou totalmente sem dinheiro. Assim que estiver ganhando algum, contratarei uma empregada. E, se eu tivesse que começar de novo, namoraria por 10, 12 anos, mas só casaria ou moraria junto quando tivéssemos condições de pagar alguém para cuidar da casa. Não tem jeito, a grande maioria dos homens nem se dá conta de que as coisas em casa estão fora de ordem e que não fizeram a parte deles. E é uma desatenção honesta, eles não percebem mesmo, então não adianta brigar com eles por isso. Não se iluda se, quando visita você na sua casa, seu namorado ajuda a tirar a mesa e até a lavar a louça. Na sua casa (e enquanto a relação não é sólida como um casamento), ele morre de medo de fazer feio e fica hiperatento a qualquer oportunidade de ajudar. A partir do momento em que a casa for dele, ele irá relaxar e nem reparará se está um chiqueiro ou não. “Fikadika”: se não quiser correr o risco de destruir seu casamento por bobagem e nem de ter que se contentar em viver num chiqueiro, tenha uma empregada.

Para me agradecer por salvar seu casamento; contar que você é a felizarda que tem o único marido organizado do mundo (Tem certeza de que não é viado? Foi criado pela avó?); dizer que empregada é frescura de perua sim e você lava, passa e faz faxina feliz da vida, enquanto seu marido vai atrás cagando tudo; ou para me ensinar a resolver o problema sem contratar empregada, apenas usando condicionamento Pavloviano: angelica.jones.cf@gmail.com


Angelica Jones

3 comentários:

  1. deeemais esse texto.

    meoo. vc escreve mto beem³
    amei seus textos. toddoss!!

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  2. O problema é a criação desses homens. É bom lembrar disso quando forem criar seus filhos homens. Botar menina pra lavar louça e menino pra jogar video-game? Negativo. Bote o menino pra ajudar também! ;]

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