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A ignorância das pessoas me choca quando o assunto é Transtorno Alimentar, já ouvi
comentários extremamente maldosos sobre, e o pior de tudo é saber que quem o faz, só o faz porque não teve um pingo sequer de vontade de ENTENDER o assunto.
Ok, anorexia e bulimia são mais comuns em garotas entrando na adolescência que não ligam nem um pouco pra sua saúde, só para a aparência; ou
Mas não quero falar sobre o motivo de cada um para adquirir sua doença, e sim sobre como é difícil lidar com ele. Para isso vou falar do MEU problema.
Comigo começou aos 13, não foi por vaidade, querer emagrecer, nem nada disso. Minha vida teve uma mudança e isso levou ao problema. Eu perdi minha mãe, e com ela os horários para alimentação, eu voltei a morar com meu pai e não tinha mais alguém que realmente se importasse se eu estaria me alimentando corretamente, e eu não tinha aprendido a me importar comigo ainda. Precisava de vigia, gente pegando no pé, orientação, e isso não tive. Daí surgiu a anorexia. Eu comia quando queria, se queria. Muitas vezes esquecia de comer ou simplesmente estava fazendo outra coisa e deixava "isso" pra depois.
A questão é que quem tem transtorno alimentar não percebe. Eu não cheguei a ficar
esquelética porque a anorexia se desenvolveu lentamente, ninguém que convivia comigo percebeu. Depois de um ano levando essa vida, começaram as fraquezas, mas ok, quando ficava fraca comia.
Um tempo depois veio a anemia. E ainda assim ninguém sequer cogitou anorexia,
isso era coisa de outro mundo. Eu tratei a anemia, tomei as vitaminas, quando "melhorei", continuei com a alimentação fraca, e no auge dos 15/16 nem me preocupava com isso. Cheguei a ficar um ano e meio (!!!) sem almoçar. Emagreci bastante.
A anemia voltou, muito pior dessa vez. E só então, depois de 3 anos, alguém foi reparar "nossa, ela tem problema com isso, temos que ficar de olho". Fui obrigada a seguir dieta pra melhorar logo. Engordei 6kgs, e foi quando meu problema atingiu a estética que eu comecei a "gostar" dele.
Eu queria perder esses 6kgs de qualquer forma, não interessando se ia desmaiar todo dia pra isso, estava decidido, eu não comeria mais. Eu não estava gorda, estava longe disso, mas só eu não enxergava, e qualquer comentário inocente eu já tomava pra mim como "você está gorda".
Felizmente eu não consegui seguir adiante com a idéia de não comer. Eu desmaiava todo dia, não conseguia subir as escadas para o meu quarto sem parar na metade pra descansar, não tinha forças pra nada.
Mais um bom tempo tinha se passado e eu nem tinha conseguido me livrar da anemia. Foi então que me dediquei com toda minha vontade à melhorar. Mas eu tinha um novo probleminha... meu organismo não estava mais acostumado com comida, rejeitava quase tudo que eu ingeria. E só foi piorando, eu tomava tudo quanto é remédio pra má digestão e ainda assim o mal estar não passava. Ficava enjoada o dia todo, mas mesmo assim eu TINHA que comer. Comecei a vomitar espontaneamente, comia, me sentia mal, colocava pra fora. Virou rotina, mas era um alívio vomitar. Foi aí que procurei ajuda médica e comecei com medicamentos pesados. Eu tentava comer durante o dia, mas quando me sentia mal, nem esperava o vômito vir, eu induzia, outro grande erro. A minha única refeição garantida era o jantar, porque logo depois eu tomava remédio pra dormir e não sentia enjôo.
Eu não estava mais tão fraca fazendo isso, uma refeição estava me sustentando bem, meu corpoestava ótimo, estava tudo ótimo. MENOS MINHA MENTE! Tinha desenvolvido bulimia. Quando saía pra comer aquela porção de batatas fritas, chegava em casa me sentindo culpada por estar estragando meu corpo. Com o pensamento idiota "se eu vomitar a batata frita, tudo fica bem", eu alimentava a bulimia. Comia tudo que tinha vontade em excesso e depois vomitava deprimida. E mesmo fazendo isso eu não tinha me dado conta que isso que eu fazia era um problema, que tinha nome, que era BULIMIA! Fiquei assim por meses, quando eu comia algo eu realmente passava mal, então induzia o vômito antes de começar o mal estar. O que a bobinha aqui não sabia é que a bulimia também tinha seus efeitos, e eles demoram mas não falham.
Comecei a ficar com dor de garganta, vomitar sangue, todos meus problemas respiratórios pioraram nessa época, meus dentes ficaram mais sensíveis, sentia dores estomacais, enfim, sofri com todos os efeitos possíveis desse transtorno.
Caiu a ficha de que estava mal, procurei ajuda com um psiquiatra, endocrinologista, nutricionista e psicólogo, não todos de uma vez, tive uma certa resistência no início. Remédios pesados passaram a ser minha vida (ainda tomo alguns e sofro com os efeitos colaterais), e não tinha jeito de me livrar do problema sem sofrer, eu comecei a fazer refeições e agüentar os enjôos, segurar o quanto podia para não vomitar, colocar lembretes em toda a casa para não esquecer de comer.
Até hoje, algumas vezes eu esqueço de comer, não é prioridade pra mim, tenho uma relação complicada com a comida. Pretendo nunca mais cruzar com a bulimia, afeta a mente de uma forma inimaginável. E a anorexia eu vou mantendo sob controle. Eu não cheguei a nenhum estado crítico, mas se eu fosse um pouco mais despretensiosa, insegura quanto à minha beleza e tivesse indícios depressivos, teria chegado.
É uma questão de força de vontade e rendição, não se deve ser orgulhosa nessas horas, tem que assumir que precisa de ajuda e obedecer.
Anorexia e bulimia são doenças e não "frescura de quem não tem o que fazer", como muitas vezes ouvi por aí. Afetam o corpo e a mente, o tratamento não é fácil, mas eu posso dizer que SUPEREI.
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Y.
Isso é muito sério!!! eu mesma, quando faço dieta, tento me policiar para não exagerar... tenho medo de perder o controle e entrar numa dessas.
ResponderExcluirtb tive.
ResponderExcluirE a minha foi bem assim, simplesmente esquecia de comer. Qdo vi estava com 39 quilos.
Depois percebi que antes desse auge tive outos "picos" de anorexia desde os meus 18, 19 anos, qdo queria emagrecer tb nunca me importei de desmaiar ou passar o dia com uma cartela de trident. Minha família nunca reparou pois passava o dia fora.
Até que minha mãe viu minhas costelas e se apavorou. Era o auge, 39 quilos pra 1,57 de altura. Não me sentia magra me sentia normal. Até que bati umas fotos minhas e percebi como realmente estava.
Aconteceu igualzinho, meu corpo rejeitava comida, mas não chegava a vomitar.
Não desejo pra ninguém o que passei.
Meninas, o orkut murreu!..e parece que vai demorar a voltar, vamos começar a usar o grupo??
ResponderExcluirÉ, os pais precisam estar vigilantes MESMO. Todo transtorno deve-se a algo TRATADO COM DESDÉM na nossa formação (INFÂNCIA-ADOLESCÊNCIA).
ResponderExcluirAcho que seu post é um alerta a todos os pais!
Fui gordinha até a PRÉ-ADOLESCÊNCIA. Emagreci MUITO com um médico acompanhando e por passar a "ser vista" passei a ADORAR AQUILO. Quando eu comia me senti, TAMBÉM, desgraçando o meu corpo. Vaidade é uma coisa ATRAENTE...
Hoje em dia, como certo e só coisas nutritivas. Nunca cuidei tanto da minha alimentação NA VIDA. Tenho regras, horários... Me sinto tão bem! Enfim... Fico feliz por ter a hombridade de compartilhar sua história com todos.
Zin
Depois que tive o TA vi o quão comum ele é! Estive cercada de gente com o mesmo problema esse tempo todo e só fui saber quando comecei a falar do meu.
ResponderExcluirTambém não desejo esse mal pra ninguém.
E ah! Nesse anos que tive essa doença, não deixei de malhar. Ia pra academia e pegava pesado! Só parei depois de desmaiar 3 vezes durante os exercícios, e ainda assim, só porque o médico da academia entrou em contato com os meus médicos, daí fecharam as portas da academia pra mim huahuahua
Foi díficil conseguir levar a vida normalmente depois disso... mas aqui estou! E, ainda, me esforçando para comer direitinho. =)
Recomendo que comam de três em três horas, pequenas refeições. Uma vez que isso vira hábito, quando passam três horas, seu corpo GRITA por comida.
ResponderExcluirComer para mim é um prazer tão grande que não posso nem imaginar não conseguir comer. Quando tive um tumor no intestino e tive que comer sopa por seis meses fiquei muito infeliz. Imagino o quanto vocês devem ter sofrido...
Não se esqueçam que isso é uma coisa para o resto da vida, redobrem o carinho com vocês mesmas nas fases difíceis para não ter uma recaída!